São Vicente: Artesãos do Quintal das Artes querem participar no projecto de reassentamento do mercado de peixe

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São Vicente: Artesãos do Quintal das Artes querem participar no projecto de reassentamento do mercado de peixe
27/10/25 - 09:54 pm

Mindelo, 27 Out (Inforpress) – Os artesãos do Quintal das Artes impediram hoje a entrada de técnicos da Câmara Municipal de São Vicente para o início das obras do reassentamento do mercado de peixe e exigiram ser parte integrante do projecto.

Mesmo perante um contingente da Polícia Municipal e da Polícia Nacional, os artesãos mantiveram-se irredutíveis e impuseram a realização de uma reunião com o presidente da Câmara Municipal de São Vicente para discutir o projecto.

Em declarações à imprensa, o presidente da Comissão Instaladora da Associação dos Artesãos do Quintal das Artes, Alcindo Vasconcelos, explicou que fecharam as portas do espaço porque a câmara municipal nunca lhes apresentou o projecto de reassentamento nem as informações sobre as adaptações previstas para aquele local, onde há artesãos a trabalhar há mais de 15 anos.

“A câmara apresentou-nos um projecto fechado que não poderá ser alterado. Mas queremos conhecê-lo, dar a nossa opinião e ser parte integrante desse projecto”, afirmou.

Segundo o representante, o grupo não vai entregar o espaço de “mão beijada”. Considerou que a autarquia pretende limitar o trabalho dos artesãos em detrimento das peixeiras, o que, na sua óptica, coloca em causa a principal fonte de rendimento dos profissionais.

Isto porque, clarificou, enquanto estiverem a vender peixe no espaço de reassentamento, os artesãos não poderão exercer as suas actividades.

“Se estivermos a fazer uma escultura com poliuretano, não o poderemos fazer; se tivermos um trabalho de Carnaval, também não o poderemos realizar e ficaremos totalmente limitados”, explicou a mesma fonte, acrescentando que os artesãos utilizam produtos como tintas e diluentes que podem contaminar o pescado.

Alcindo Vasconcelos esclareceu ainda que a Associação das Peixeiras do Mindelo (APM) também não concorda com o reassentamento no Quintal das Artes e apresentou à câmara a alternativa de construir o espaço provisório junto à Réplica da Torre de Belém, em frente ao cais de pesca, onde, segundo referiu, há “melhores condições”.

O advogado Rogério Ramos, por seu lado, explicou que os artesãos ocuparam de boa-fé o Quintal das Artes e que, mesmo sendo um espaço público, existem trâmites legais que a câmara poderá seguir para beneficiar tanto os artesãos como as peixeiras. Por isso, o grupo exige um encontro com a autarquia.

No mês de Fevereiro, o ministro do Mar, Jorge Santos, presidiu à apresentação do projecto do novo mercado de peixe de São Vicente, inserido num plano de requalificação da área, orçado em cerca de 300 mil contos e financiado pelo Banco Mundial.

Conforme a mesma fonte, o novo mercado terá capacidade para albergar mais de 70 peixeiras, tal como a infra-estrutura actual.

Antes disso, seria necessário construir um espaço de reassentamento no Quintal das Artes para acolher as peixeiras até à conclusão das obras. 

Na altura, foi garantido que todas as condições higiénicas seriam asseguradas, incluindo saneamento, abastecimento de água, equipamentos de conservação do pescado e produção de gelo.

CD/HF

Inforpress/Fim

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