Reformas e comércio sustentam melhores 'ratings' na África subsaariana - Fitch

Inicio | Internacional
Reformas e comércio sustentam melhores 'ratings' na África subsaariana - Fitch
28/10/25 - 08:48 am

Londres, 28 Out (Inforpress) - A agência de notação financeira Fitch Ratings disse hoje que o ímpeto reformista e o enquadramento do comércio internacional sustentam um momento positivo para os países da África subsaariana, apesar dos desafios que estas economias enfrentam.

"O impulso das reformas e a melhoria dos termos comerciais em muitos países da África subsaariana estão a ajudar a compensar um cenário externo volátil e a redução da assistência externa", afirmam os analistas da Fitch Ratings numa análise à evolução das economias da região que inclui a maioria dos países lusófonos.

Para a Fitch, "o crescimento médio é estável, com a região amplamente isolada das mudanças tarifárias dos EUA, a inflação está a diminuir devido à maior estabilidade cambial, permitindo cortes nas taxas de juro internas, que ainda se mantêm elevadas, e o forte crescimento está a impulsionar as importações", como refere num relatório prospetivo enviado aos investidores, e a que a Lusa teve acesso.

O relatório da Fitch surge pouco depois de o Fundo Monetário Internacional (FMI) ter melhorado a estimativa de crescimento da África subsaariana, de 3,6% para 4,1% este ano, citando precisamente a melhoria do cenário comercial internacional.

"O que mudou desde abril foi a resiliência da região e o cenário externo que, apesar de difícil, está menos negativo do que imaginávamos em abril; as tensões comerciais estão menos agudas, o nível de tarifas impostas pelos Estados Unidos é menor que em abril, não houve uma retaliação geral e não vemos uma guerra comercial que podia ter acontecido, não houve medidas protecionistas e, apesar do cenário não ser favorável, é menos desafiante do que esperávamos em abril", afirmou o chefe adjunto na divisão de estudos regionais do departamento africano do FMI, António David, em entrevista recente à Lusa.

A média dos ‘ratings’ (notação financeira) da região melhorou ligeiramente ao longo dos últimos 12 meses, apesar da volatilidade na economia global, notam os analistas, vincando que "o saldo líquido das evoluções dos ‘ratings’ ao longo dos últimos 12 meses foi de mais um, em cinco mudanças". 

A percentagem de classificações com perspetivas estáveis é a mais elevada desde antes da pandemia e superior à média de 20 anos pela primeira vez desde 2019, mostrando que a Fitch Ratings não prevê uma degradação da credibilidade dos países no acesso ao mercado nos próximos 12 a 18 meses.

O menor apoio orçamental externo, nomeadamente dos Estados Unidos, "está a ser compensado por receitas mais fortes que sustentam os saldos primários, embora os défices globais continuem sob pressão devido aos elevados custos dos juros e ao aumento do rácio dos juros sobre as receitas", dizem os analistas, alertando também que "a dinâmica política e social, nomeadamente o crescente ativismo político dos jovens e as próximas eleições, continua a limitar o ajustamento orçamental".

A Fitch atribui um ‘rating’ a 21 países na África subsaariana, incluindo os lusófonos Angola, Cabo Verde e Moçambique, este último em CCC, o nível mais baixo na escala de investimento, imediatamente acima do Incumprimento Financeiro, e sem uma perspetiva de evolução atribuída.

Em Angola, a Fitch atribui um ‘rating’ de B- com perspetiva estável, e em Cabo Verde a classificação de crédito é ligeiramente melhor, B, também com perspetiva de evolução estável, mas ambos abaixo da recomendação de investimento.

Inforpress/Lusa

Fim

Partilhar