Cidade da Praia, 05 Set (Inforpress) – O representante especial da ONU para a África Ocidental e o Sahel, Leonardo Simão, alertou hoje para o crescente impacto da desinformação que representa uma ameaça à paz, democracia e estabilidade na região.
Leonardo Santos Simão fez esta chamada de atenção no discurso de encerramento da Conferência Regional sobre a Integridade da Informação na África Ocidental e no Sahel realizada de 03 a 05 de Setembro, corrente, sob o lema a “Integridade da Informação: um pilar para a democracia e desenvolvimento sustentável”.
Este responsável salientou que o avanço das tecnologias digitais e da inteligência artificial tem amplificado a circulação de informações falsas, o que fragiliza a confiança nas instituições democráticas, prejudica os direitos humanos e provoca divisões sociais, além de ameaçar a estabilidade, a paz, a democracia e a segurança em África.
“A nossa população está diariamente exposta a falsas declarações, falsas verdades e mentiras, elementos que frequentemente servem como catalisadores para a violência e a divisão. Essas práticas falsas destroem seriamente a integridade do ecossistema de informação”, alertou.
O representante da ONU sublinhou que combater esses desafios exige uma acção conjunta e coordenada entre Governos, sociedade civil, sector privado e organismos internacionais.
“Devemos agir juntos para conter os riscos existentes, utilizando instrumentos como os Pactos para o Futuro, os Pactos Digitais Globais e a Declaração sobre as Gerações Futuras”, disse, referindo ainda aos princípios globais para a integridade da informação, que já fornecem um quadro de acção relevante.
A nível regional, este responsável destacou a importância da Declaração da União Africana sobre Democracia, Governança Política e Institucional Económica, a Carta Africana da Democracia, Eleições e Governança e a Estratégia de Transformação Digital da União Africana para o período 2020-2030, além do protocolo da CEDEAO sobre Democracia e Boa Governação.
Leonardo Santos Simão enalteceu o trabalho da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) nas recomendações relativas à ética da inteligência artificial, que visam reforçar a integridade da informação e promover uma participação cidadã responsável e respeitadora dos direitos humanos.
O representante especial da ONU apelou ainda à mobilização de todos os sectores da sociedade para implementar políticas públicas e mecanismos eficazes que preservem a integridade da informação e fortaleçam a coesão social.
“Cabe-nos decidir que tipo de sociedade queremos construir, uma sociedade sem valores não é um todo, mas sim dominada pelo ódio ao outro, ou pelas violações amplificadas pelo veneno da desinformação, ou uma sociedade respeitosa do direito e da dignidade humana”, frisou.
O evento reuniu membros de Governos responsáveis pela comunicação, educação e tecnologias de informação, académicos, jornalistas, organismos de regulação e auto-regulação dos meios de comunicação social e organizações da sociedade civil.
LT/HF
Inforpress/fim
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