Cidade da Praia, 24 Abr (Inforpress) - A primeira-dama, Débora Katisa Carvalho, defendeu hoje, na cidade da Praia, a importância de uma reflexão profunda sobre o modelo de educação dos rapazes no país por forma a combater os desequilíbrios sociais.
Estas declarações foram feitas à imprensa, à margem da sua visita ao Centro de Pupilos das Forças Armadas (CPFA), um órgão de execução de serviços vocacionado para o apoio social, destinado a acolher, educar e instruir crianças e adolescentes, em regime de internato.
Débora Carvalho expressou uma preocupação concreta com os dados que apontam para uma maior vulnerabilidade dos rapazes.
“Quando se analisa os números, vemos que a população prisional é maioritariamente masculina, quem abandona a escola mais cedo são os rapazes, quem está mais associado a fenómenos de violência ou perturbação social são eles”, afirmou.
Segundo a primeira-dama, enquanto as raparigas têm maior presença no ensino superior e são, geralmente, mais protegidas no ambiente familiar, os rapazes muitas vezes são deixados à mercê de uma educação “de rua, de comunidade”, que por vezes se aproxima de uma “libertinagem”, por falta de orientação adequada.
“Normalmente, ninguém exige que os meninos participem nas tarefas domésticas. Já as meninas, desde cedo, são ensinadas a arrumar a casa, a cozinhar, a cuidar. Isso cria um desequilíbrio. Depois queremos que esse menino se torne um namorado atencioso, um pai presente ou um marido companheiro, mas ele nunca foi educado para isso”, alertou.
A primeira-dama aplaudiu a continuidade do projecto dos pupilos, que considera fundamental no processo educativo dos jovens rapazes e lembrou que “as Forças Armadas são uma das instituições em que os cabo-verdianos mais confiam”.
Sobre a campanha "Somos Todos Iguais", afirmou que a mesma está a ser bem-recebida e a despertar conversas importantes, tanto em espaços públicos como no seio familiar.
“Há homens que estão a dar testemunhos. Já se começa a perceber que a educação que recebemos pode estar na origem de muitos dos desequilíbrios sociais que enfrentamos hoje”, ressaltou Débora Carvalho.
A campanha busca construir uma sociedade mais justa e inclusiva, incentivando uma masculinidade positiva que rejeite a violência e desafie os estereótipos de género.
Citando o lema das Nações Unidas para a Agenda 2030, “Ninguém pode ficar para trás”, Débora Carvalho alertou que “se não prestarmos atenção à educação dos rapazes, eles podem mesmo ficar para trás na construção de uma sociedade de paz e de equilíbrio”.
TC/CP
Inforpress/Fim
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