Pequim, 23 set (Inforpress) – A jornalista chinesa Zhang Zhan foi novamente condenada a quatro anos de prisão por "provocar distúrbios", denunciou hoje a Amnistia Internacional, que pediu a sua libertação imediata e alertou para riscos à sua saúde e integridade.
Segundo a organização de defesa dos direitos humanos, a sentença foi proferida após um julgamento realizado na última sexta-feira, em Xangai, no leste da China.
Esta é a segunda condenação de Zhang pelo mesmo crime, que, de acordo com a Amnistia Internacional, "pôs em risco a sua saúde e a sua vida". A organização considerou que as acusações "não têm fundamento" e exigiu a anulação do veredicto.
A directora para a China da Amnistia Internacional, Sarah Brooks, pediu às autoridades chinesas que garantam a Zhang o contacto com os seus advogados e familiares durante o período de detenção.
A organização apelou ainda ao fim da utilização da acusação de "provocar distúrbios", frequentemente usada na China contra defensores dos direitos humanos e dissidentes.
Num comunicado, a Amnistia Internacional instou a comunidade internacional a usar a sua influência para garantir a libertação de Zhang e de outras pessoas "injustamente detidas".
Também a delegação da União Europeia na China apelou, através da rede social Weibo, à "libertação imediata e incondicional" de Zhang, e instou o país a "respeitar a liberdade de expressão e as garantias processuais".
Na sexta-feira, questionado sobre a situação legal de Zhang, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Lin Jian afirmou em conferência de imprensa "não ter conhecimento" do caso.
Em Agosto de 2024, a organização Chinese Human Rights Defenders (CHRD) informou que Zhang foi detida pela polícia quando tentava viajar de Xangai para a província de Gansu, no noroeste da China, com o objectivo de ajudar a família de um activista recentemente detido a obter representação legal.
Zhang tinha sido libertada em Maio de 2024, após cumprir uma pena de quatro anos de prisão por ter noticiado, de forma independente, o surto inicial de covid-19 na cidade de Wuhan.
A jornalista recusou sempre as acusações, alegando que os seus relatos – divulgados em plataformas como WeChat e outras bloqueadas na China, como Twitter ou YouTube – não deveriam ser alvo de censura.
De acordo com a Amnistia Internacional, o trabalho de Zhang em Wuhan centrou-se sobretudo na denúncia do assédio a outros jornalistas e a familiares de vítimas da covid-19, durante os primeiros dias da pandemia.
Na altura, a Amnistia Internacional classificou o seu julgamento como "um ataque vergonhoso aos direitos humanos", sublinhando que Zhang apenas procurava contar "o que realmente estava a acontecer em Wuhan", num contexto de grande opacidade governamental.
Inforpress/Lusa/Fim
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