Cidade da Praia, 13 Jun (Inforpress) – O Presidente da República reconheceu hoje que há um conjunto de medidas que “precisam ser aceleradas” nas relações entre Cabo Verde e a Santa Sé, destacando a relevância da concordata para o arquipélago.
José Maria Neves fez estas declarações em conferência de imprensa para falar sobre a visita que efectuará a partir de quinta-feira, 13 a 17, à Itália para um encontro de trabalho no Estado do Vaticano, onde será recebido pelo Papa Francisco.
Durante o encontro, precisou, serão abordados vários assuntos e manifestadas as preocupações que têm afectado o continente africano, a guerra na Faixa de Gaza e também a guerra na Ucrânia.
“Relativamente às mudanças climáticas, nós teremos oportunidade de falar sobre as vulnerabilidades de um pequeno Estado insular como o Cabo Verde e as medidas que estão em curso no sentido de, no nosso caso, mitigar os efeitos dessas mudanças e também falarei enquanto patrono da década dos oceanos e também ‘champion’ para a preservação do património natural e cultural do continente africano”, declarou.
No que se refere a problemática das migrações, o chefe de Estado frisou que África deve “assumir claramente as suas responsabilidades”, no sentido de melhorar as condições de vida dos africanos, defendendo a necessidade criação de “muito mais oportunidades para todos”, de modo a que os africanos “não tenham necessidade de sair por causa das guerras e dos conflitos” no continente.
“Nós temos de fazer a nossa parte, temos de fazer o nosso trabalho de casa e é claro que há as relações entre Cabo Verde e Santa Sé, nós temos um acordo global de cooperação e de relação reconhecendo o importante papel da Igreja Católica em Cabo Verde, há um conjunto de medidas que precisam ser aceleradas”, apontou.
José Maria Neves destacou, neste sentido, a importância deste acordo com o Movimento Concordata, que é um tratado celebrado entre a Santa Sé e um Estado, que permitiu criar um quadro de relacionamento entre o Estado de Cabo Verde e Santa Sé, e que, igualmente, inspirou o estabelecimento de outros acordos a nível do continente africano.
“O secretário de Estado do Vaticano é o chefe do Governo do Estado da Santa Sé e então aqui é para analisar mais concretamente as relações entre Cabo Verde e a Santa Sé. Há aspectos que se relacionam com a Concordata e há outros aspectos importantes que estão em curso entre Cabo Verde e a Santa Sé. Desde logo há o dossiê de beatificação do escravo Manuel, que foi de Cabo Verde para Argentina e que tem estado em processo de beatificação”, indicou.
Informou ainda que aproveitará a sua estadia em Roma para estar com o diretor-geral da FAO, lembrando tratar-se de uma instituição que tem tido uma acção “muito forte” em Cabo Verde, designadamente no domínio da economia sul e um impulsionador no processo de definição da estratégia cabo-verdiana nesse domínio.
Ainda no quadro da sua agenda de visita, acrescentou, manterá encontro com representantes da Fundação Santo Egídio e estará com as comunidades cabo-verdianas residentes em Roma e Nápoles.
“Queremos estar mais juntos, queremos mobilizar essa diáspora para um contributo superior no processo global de desenvolvimento do país, aqui é importante termos em conta que as remessas financeiras são importantes, mas precisamos hoje, mais do que nunca, de remessas de ideias, de mobilizar todas as capacidades e todas as competências existentes na diáspora para acelerarmos o processo de transformação socioeconómica do nosso país”, considerou José Maria Neves.
Questionado, por outro lado, sobre a possibilidade de o Papa Francisco efectuar futuramente uma visita a Cabo Verde, José Maria Neves referiu que o mesmo já foi convidado para visitar o arquipélago e que o convite tem sido reiterado em vários momentos, mas que tendo em conta a sua agenda difícil ainda não foi possível a sua concretização.
CM/AA
Inforpress/Fim
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