Gaza, Palestina, 21 Ago (Inforpress) – Os níveis de subnutrição infantil triplicaram na Faixa de Gaza desde que o último acordo de cessar-fogo foi quebrado em março, de acordo com a agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA), que teme o agravamento da situação.
O responsável da UNRWA, Philippe Lazzarini, descreveu estes novos números como alarmantes, resultado do exame de quase 100 mil crianças nas clínicas da agência nos últimos seis meses, durante os quais Israel retomou e intensificou a sua ofensiva militar.
Na Cidade de Gaza, atual alvo da ofensiva, "quase uma em cada três crianças está subnutrida, seis vezes mais do que antes do cessar-fogo", alertou Lazzarini nas redes sociais.
O líder da UNRWA defendeu que esta é uma situação evitável, provocada pela fome, e "não um desastre natural", e, por isso, apelou às autoridades políticas para que revertam medidas como a que praticamente bloqueia a entrada de ajuda humanitária no enclave.
Sem "vontade política" para reverter "esta abominação (…) mais crianças morrerão", sublinhou.
A guerra entre Israel e o Hamas, desencadeada pelo ataque de proporções sem precedentes realizado pelo movimento islamita palestiniano em 07 de outubro de 2023 em território israelita, já fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e 251 reféns.
O ministro da Defesa israelita, Israel Katz, ordenou hoje a mobilização de 60.000 reservistas, depois de ter dado ‘luz verde’ à tomada da cidade de Gaza, enquanto decorre o processo de mediação com vista a um cessar-fogo no território palestiniano e à libertação de reféns israelitas.
A guerra no enclave palestiniano fez, até agora, 62.122 mortos, na maioria civis, e 156.758 feridos, além de milhares de desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, e mais alguns milhares que morreram de doenças, infeções e fome, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
Prosseguem também diariamente as mortes por fome, causadas pelo bloqueio de ajuda humanitária durante mais de dois meses, seguido da proibição israelita de entrada no território de agências humanitárias da ONU e organizações não-governamentais (ONG).
O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, comandado pelo Hamas, estima que pelo menos 269 pessoas tenham morrido de fome desde o início da ofensiva, 112 delas menores de idade.
Há muito que a ONU declarou o território em grave crise humanitária, com mais de 2,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” e “o mais elevado número de vítimas alguma vez registado” pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
Já no final de 2024, uma comissão especial da ONU tinha acusado Israel de genocídio em Gaza e de estar a usar a fome como arma de guerra, situação também denunciada por países como a África do Sul junto do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), uma classificação igualmente utilizada por organizações internacionais e israelitas de defesa dos direitos humanos.
Inforpress/Lusa
Fim
Partilhar