Independência/50 Anos: Saúde marca diferença com progressos a vários níveis, mas desafios persistem - ministro (c/áudio)

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Independência/50 Anos: Saúde marca diferença com progressos a vários níveis, mas desafios persistem - ministro (c/áudio)
12/05/25 - 11:00 am

Cidade da Praia, 12 Mai (Inforpress) – Cinquenta anos após a independência o sector da saúde em Cabo Verde é hoje destacado pelo ministro pelos progressos alcançados com foco no aumento das infra-estruturas, recursos humanos, equipamentos para diagnóstico e melhoria dos cuidados.

Em entrevista à Inforpress, a propósito dos 50 anos da independência, o ministro da Saúde, Jorge Figueiredo, lembrou que em 1975 a situação encontrada foi “extremamente difícil e as variáveis que avaliavam a situação de saúde nessa altura eram claras”, isso sem falar da deficiência dos recursos humanos que se resumia a 10 médicos e uma trintena de enfermeiros.

“Hoje o país conta com excelentes resultados em várias áreas do sector e, se não houvesse melhoria dos cuidados de saúde, evidentemente que não teríamos esse tipo de resultados. Claro que se me perguntarem se estamos satisfeitos é evidente que não, mas estamos convencidos que estamos a fazer um processo no qual há um ‘upgrade’ de forma gradual e permanente quer na qualidade e número de recursos humanos”, disse.

O governante, que admite desafios vários pela frente e problemas a serem resolvidos, reconhece que a forma do atendimento nas infra-estruturas do sector da saúde tem de ser trabalhada, particularmente, no processo de humanização, visando mudar a perceção que as pessoas têm quanto aos cuidados de saúde.

Para que isso aconteça defendeu que as pessoas têm também de saber sobre o sistema de saúde para poderem saber quem deve responder a diferentes doenças e sintomas já que no país existem respostas através de dois hospitais centrais, quatro hospitais regionais, 35 centros de saúde e postos sanitários de base.

“Apesar de todas estas infra-estruturas, nem sempre conseguimos alcançar a qualidade do atendimento directo da população. Os bancos de urgências, que são para atender casos de urgências, recebem mais de 60 ou 70% dos utentes que não são realmente urgentes, e acabam por ocupar um tempo precioso dos médicos disponíveis”, esclareceu.

Segundo Jorge Figueiredo, Cabo Verde registou progressos a vários níveis, dispondo o país de melhor capacidade de diagnóstico, mais capacidade para os exames laboratoriais e radiológicos, assim como melhorou a imagem diagnóstica a nível do raio-x para os TAC (Tomografia Axial Computorizada) e tomografia computorizada (TC), um meio de diagnóstico considerado “importante”.

Neste capítulo, apontou também a melhoria dos laboratórios que hoje funcionam em rede a nível dos hospitais centrais, hospitais regionais e os centros de saúde.

“Cinquenta anos depois temos constituído um Instituto Nacional de Saúde Pública, que hoje pode analisar os vírus que constituem perigo de reentrada e entrada de epidemias, desde o paludismo ao dengue e zika, e podemos estudar os genomas que gerem os mosquitos que estão na causa desses tipos de epidemia”, enfatizou, argumentando que na parte investigativa e do diagnóstico colectivo “muita coisa está sendo feita”.

Neste particular, considerou as mudanças “absolutamente enormes” exemplificando com a criação, a nível dos hospitais centrais, de serviços conseguidos há uns 15 anos atrás e que revolucionou o atendimento em especialidades como a pediatria, ginecologia, serviço de neonatologia, oncologia e nefropatias (com serviços voltados para o tratamento dos rins, hemodiálise implementada e, já na fase final, um espaço para servir o transplante renal).

Questionado sobre as melhorias no sector, a nível nacional, para que um paciente não tenha problemas de evacuação, lembrou que o país é um arquipélago de difícil acesso e cuja circulação entre as ilhas não é nada fácil, daí a necessidade, conforme disse, de um processo de construção de novos aeroportos.

“A Brava e Santo Antão ainda não têm acesso a uma infra-estrutura dessas, mas temos portos (…) na Boa Vista e em São Nicolau está-se a construir bloco cirúrgico o que quer dizer que uma equipa multidisciplinar nesses sítios pode responder a situações de problemas”, ajuntou, frisando que o Governo está a trabalhar para disponibilizar recursos humanos mais qualificados, mais e melhores infra-estrutura, e equipamentos para melhorar o diagnóstico e tratamento.

Relativamente a equipamentos de diagnóstico, neste caso ressonância magnética (RM), Jorge Figueiredo avançou que o país, neste domínio, está a crescer numa simbiose entre o sector público e privado, afirmando que se o sector público não tiver um RM o privado tem e faz parte do sistema nacional.

Quanto ao desenvolvimento da saúde no país, em que 50 anos depois já se faz as biópsias e as pessoas que tenham de viajar para Portugal em tratamento já levam o seu diagnóstico, Jorge Figueiredo promete um serviço de anatomopatologia para responder a todo o tipo de doenças oncológicas e faz questão em reconhecer o apoio do privado e a necessidade da melhoria da comparticipação em alguns exames pela Previdência Social.

Cabo Verde que, neste momento, conta com alguns doentes a fazerem hemodiálise, a serem tratados e medicados com medicamentos gratuitos e disponibilizados pelo Orçamento do Estado está, conforme o ministro, ganhando a competência necessária, apesar de não ser a velocidade desejada.

Jorge Figueiredo reconhece que, depois de 50 anos da independência, as leis que gerem o Instituto Nacional da Previdência Social (INPS) são bastante antigas e que necessitam ser revogadas.

“Agora, falta reconhecer que é preciso alterar a legislação para fazer com que as pessoas tenham efectivo acesso aos exames”, concluiu.

De acordo com dados estatísticos, nos anos 70 Cabo Verde contava com uma média de 8 a 10 médicos e uma trintena de enfermeiros. Hoje a relação é completamente diferente com quase 500 médicos e mil enfermeiros, técnicos em várias áreas da saúde e especialistas em várias áreas da medicina.

Na altura a esperança de vida rondava os 55 anos, mas hoje para as mulheres ela é de 80 anos e para os homens 74,3. A mortalidade infantil em 1975 estava em torno dos 110 por mil e hoje varia entre os 10 aos 14 por mil.

Dados indicam ainda que 98% dos partos nos anos 70 eram feitos em casa, mas hoje 100% dos partos são hospitalares, a sobrevivência dos bebés com problemas e baixo peso a sobrevivência era reduzida e rondava os 8 a 10 por 100 crianças e, neste momento, se encontram em torno dos 96 a 98% por cada 100 crianças.

PC/CP

Inforpress/Fim

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