Cidade da Praia, 03 Jun. (Inforpress) - Emanuel Charles Oliveira, promotor da escola de mergulho “Santiago Dive Center”, considerou o “Chantier-École Internacional - Santiago 24”, iniciado hoje na Cidade Velha pela Unesco e IPC, determinante para potencializar os jovens da África para a arqueologia subaquática.
Expert da vida aquática, “Monaya”, como é popularmente conhecido e que implantou esta escola de mergulho localizada no Tarrafal de Santiago, é um dos integrantes desta missão subaquática que se mostra “preocupado” com a “muita carência” na área da arqueologia subaquática e da preservação do património subaquático no continente.
Referenciado como uma “autêntica enciclopédia viva subaquática cabo-verdiana”, Monaya disse que Cabo Verde tem alguma experiência nesta área e enalteceu a ideia do responsável do património subaquático da região ligada à Unesco no sentido de fazer este “Campo” em Cabo Verde e particularmente na Cidade da Praia.
“Temos dois polos de mergulho, aqui no ancoradouro antigo da Cidade Velha e na fragata Urânia que se afundou em 1809 na zona do Ilhéu na Cidade da Praia. Estes serão os dois campos de estudo para a formação deste grupo que vem gente restrito de muitos países de África”, explicou, afirmando que nestes trabalhos não se pode trabalhar com muita gente ao mesmo tempo.
Relativamente a Cabo Verde, disse que é um despertar, para que o país consiga angariar mais gente à esta causa, e sobretudo para as intervenções, pois considera que o arquipélago tem um laboratório razoavelmente bem apetrechado com peritos bem preparados, mas que o plano das intervenções de sítios tem sido “o calcanhar de Aquiles” de Cabo Verde.
“Com esta formação, acho que vamos ter mais gente interessada, mais gente a participar e a constituir um núcleo que nós precisamos para intervenções a zonas sensíveis neste aspecto”, perspectivou, alertando para a necessidade de se “travar e de que maneira a prática pouco ética”.
“Haverá um núcleo que estará a trabalhar com as autoridades nacionais e a transmitir as informações, o estado dos sítios e as possíveis intervenções inadequadas também. Temos tido histórias, que não são de agora. Muitos anos antes da independência já houve intervenções aqui em Cabo Verde, tipo pirataria ou intervenções com pouco suporte técnico em termos de arqueologias, mas isto já passou”, realçou.
Manifestou, ainda assim, a sua inquietação face a possíveis vandalizações dos sítios, ainda que sejam cada vez menos frequentes.
O Instituto do Património Cultural e a Unesco iniciaram esta manhã uma formação em arqueologia subaquática na Cidade Velha denominada “Chantier-École Internacional - Santiago 24”, para reforçar a capacidade do estado-parte em relação ao trabalho da protecção e valorização do património.
Esta capacitação envolve mergulhadores em representação do Senegal (quatro profissionais), Gâmbia, Moçambique, Eritreia, Comores, Marrocos e Cabo Verde, e vai decorrer até ao dia 14 numa componente prática.
Os participantes já iniciaram esta manhã o mergulho para levantamento no ancoradouro da Cidade Velha, ao qual se segue no ilhéu de Santa Maria, onde se encontra uma fragata naufragada em 1809 com a missão de proceder ao registo e o mapeamento destes sítios e complementam-se com uma visita de estudo ao Museu de Arqueologia da Praia.
SR/ZS
Inforpress/Fim
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