Fogo: Geólogo apresenta perspectiva geológica sobre 15 anos de exploração oceânica em Cabo Verde

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  Fogo: Geólogo apresenta perspectiva geológica sobre 15 anos de exploração oceânica em Cabo Verde
11/10/25 - 02:00 am

São Filipe, 11 Out (Inforpress) – O geólogo Ricardo Ramalho, da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, apresentou hoje uma visão abrangente sobre os avanços alcançados ao longo dos últimos 15 anos de exploração oceânica em Cabo Verde.

Durante a sua comunicação intitulada “uma perspetiva geológica sobre os 15 anos de exploração oceânica em Cabo Verde” na IV Conferência da Década do Oceano, Ricardo Ramalho disse que as montanhas submarinas que rodeiam o arquipélago são uma parte fundamental da identidade geológica de Cabo Verde e constituem um elemento-chave para compreender a origem e a evolução das ilhas.

“Do ponto de vista geológico, estas montanhas fazem parte integrante do arquipélago. Sem o seu estudo, a compreensão de Cabo Verde estaria sempre incompleta”, destacou o investigador, que sublinhou que Cabo Verde é constituído por mais de dez ilhas.

Nos últimos 15 anos, missões oceanográficas permitiram realizar um mapeamento e estudo sem precedentes da geologia submarina, incluindo a forma, estrutura e história dessas montanhas.

Foram identificadas entre 10 e 15 grandes montanhas submarinas, número que varia conforme a forma como são classificadas, referiu o geólogo que acrescentou que alguns exemplos relevantes incluem o Campo Vulcânico Submarino Charles Darwin, no sul de Santo Antão, considerado um dos poucos locais do mundo com evidências de vulcanismo submarino explosivo em águas profundas.

Ricardo Ramalho enfatizou que o primeiro passo para uma gestão sustentável dos recursos oceânicos é o conhecimento profundo do que existe.

“Só podemos proteger, gerir ou usar aquilo que conhecemos. E conhecer começa pela cartografia e caracterização detalhada do fundo do mar, tanto do ponto de vista geológico quanto biológico” advogou.

Apesar dos avanços, o investigador alertou que a cartografia submarina de Cabo Verde ainda está incompleta, sendo necessário continuar os esforços de investigação e mapeamento e defendeu uma abordagem faseada primeiro conhecer, depois avaliar, e por fim, implementar planos de gestão adaptados a cada zona, respeitando as especificidades geológicas e ecológicas de cada área.

Quanto à possível exploração de recursos minerais, como nódulos de ferro e manganês no fundo do mar cabo-verdiano, Ramalho foi cauteloso.

“Estamos numa fase prematura. Existem recursos potenciais, mas é necessário avaliar cuidadosamente se é técnica, económica, ética e ambientalmente viável explorá-los. Muitos desses locais podem abrigar ecossistemas frágeis, cujo valor biológico pode superar em muito o valor dos minerais”, apontou. 

A apresentação reforça a ideia de que Cabo Verde possui um património geológico submarino único, ainda pouco conhecido, e cuja protecção e valorização dependem de mais investigação, investimento em ciência e decisões informadas e responsáveis, salientou.

JR/JMV

Inforpress/Fim

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