PAICV responsabiliza Governo pela crise de energia e água e propõe inquérito parlamentar para apurar causas

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PAICV responsabiliza Governo pela crise de energia e água e propõe inquérito parlamentar para apurar causas
09/10/25 - 01:45 pm

Cidade da Praia, 09 Out (Inforpress) – O PAICV acusou hoje o Governo de má governação e falta de planeamento face à crise de energia e água em Santiago e anunciou a proposta de criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as causas.

Na sua declaração política, o deputado Carlos Tavares afirmou que o país enfrenta “uma situação de emergência energética”, marcada por cortes prolongados de electricidade que têm comprometido a economia, os serviços públicos e o bem-estar das famílias.

“Esta crise não é resultado do acaso, mas sim da falta de planeamento e investimento num sector estratégico. Desde 2016, não foi adquirido um único grupo gerador, e a penetração das energias renováveis caiu de 25 por cento (%) para 18%”, afirmou.

O deputado do principal partido da oposição acusou o Governo de “má governação” e criticou o “silêncio do primeiro-ministro”, Ulisses Correia e Silva, perante o que classificou como “um colapso do sistema energético nacional”, considerando inaceitável a ausência de uma resposta política coordenada.

“É inconcebível que o chefe do Governo não tenha dirigido uma única palavra aos cabo-verdianos em meio a esta crise. Isso revela falta de liderança e desresponsabilização”, apontou.

Carlos Tavares destacou ainda que os cortes de energia têm causado prejuízos materiais e psicológicos, afectando famílias, pequenos negócios e instituições públicas, e advertiu que a escassez de água se agrava com os mesmos problemas estruturais.

“Há comunidades que ficam dias sem água, mesmo pagando faturas mensais. É uma situação injusta, desumana e perigosa, agravada por riscos de contaminação na rede pública”, alertou.

Defendeu uma resposta “urgente e estruturada”, com medidas que reforcem a resiliência do sistema eléctrico e promovam a modernização do sector, incluindo investimentos em energias renováveis e fiscalização mais rigorosa.

Anunciou, por outro lado, que o PAICV vai propor a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar as causas e responsabilidades da actual crise energética, “em nome do interesse nacional”.

Entre as recomendações apresentadas, o PAICV, referiu, propõe o aumento da capacidade de geradores de reserva, a criação de uma célula de coordenação interinstitucional permanente e a compensação financeira das famílias e empresas afectadas pelos apagões.

“O país precisa de um novo rumo. Um Governo capaz de planear, prevenir e garantir o acesso digno à energia e à água, pilares fundamentais do desenvolvimento”, concluiu Carlos Tavares.

Em reação a declaração política do PAICV, o líder da bancada parlamentar do Movimento para a Democracia (MpD - poder), Celso Ribeiro reconheceu que a população de Santiago passa neste momento por uma situação difícil de crise energética, criticando, no entanto, o PAICV de tirar proveito político.

“Gostaríamos de reafirmar que temos confiança no nosso Governo, nos nossos técnicos que tem trabalhado 24 horas por dia com apoio dos técnicos que forneceram as máquinas que temos a funcionar aqui, o que demonstra a preocupação deste Governo na resolução deste problema”, afirmou lembrando que foram adoptadas medidas para minimizar os impactos da crise energética.

Por seu turno, o deputado António Monteiro defendeu a responsabilização pelas falhas no fornecimento de energia na Praia, lembrando que avarias em equipamentos são naturais, mas que a manutenção preventiva deve ser feita a tempo para evitar crises como a actual.

CM/CP

Inforpress/Fim

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