Lisboa, 21 Out (Inforpress) – A violência religiosa causou mais de 5.000 mortos e mais de um milhão de deslocados nos últimos cinco anos na zona de Cabo Delgado, em Moçambique, de acordo com o “Relatório da Liberdade Religiosa no Mundo 2025", divulgado hoje.
Moçambique é o único país lusófono destacado na análise ao direito à liberdade religiosa feita pela organização católica Ajuda à Igreja que Sofre Internacional e que “documenta abusos, violações e restrições à liberdade religiosa que afectam todos os grupos religiosos”.
No relatório concluiu-se que “Moçambique tem assistido a um novo aumento da violência 'jihadista' em Cabo Delgado, onde militantes filiados no autoproclamado Estado Islâmico continuam a atacar comunidades cristãs, a queimar igrejas e a matar civis”.
De acordo com o documento, “desde o início da violência 'jihadista' com o ataque a Mocímboa da Praia, a 05 de outubro de 2017, que a região enfrenta uma crise humanitária sem tréguas”, com “mais de 5.000 pessoas mortas” e “mais de um milhão deslocadas”.
Segundo a organização católica, “apesar da presença de forças militares internacionais, os insurgentes expandiram-se para novos distritos, aproveitando o fraco controlo estatal e os vazios de governação”.
No relatório refere-se que “as comunidades religiosas, em particular a igreja católica, têm-se mantido ativamente e empenhadas na promoção da paz e do diálogo inter-religioso” e lembra a Declaração Inter-religiosa de Pemba, assinada em 2022 por líderes cristãos e muçulmanos, que “reafirmou o seu compromisso partilhado de prevenir a instrumentalização da religião”.
Destaca ainda que, “em 2024, o Conselho Islâmico de Moçambique assinalou a sua vontade de mediar com elementos 'jihadistas'” e considera que “estes esforços sublinham a resiliência dos atores religiosos face à crescente insegurança”.
A organização observa no relatório que a Igreja Católica tem estado presente junto das vítimas, com congregações religiosas, instituições diocesanas e Organizações Não Governamentais (ONG) católicas que "coordenaram o socorro de emergência, construíram abrigos, forneceram alimentos e água potável e reabriram escolas nas comunidades deslocadas”.
Disponibilizaram também aconselhamento sobre traumas, apoio psicossocial e assistência jurídica aos sobreviventes, especialmente mulheres e crianças afetadas por raptos e violência de género, lê-se no relatório.
Inforpress/Lusa
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