Jerusalém, Israel, 19 Set (Inforpress) - A Defesa Civil de Gaza referiu hoje que 450 mil palestinianos fugiram da Cidade de Gaza para sul desde o final de agosto, enquanto o Exército israelita anunciou que vai atacar a cidade com uma "força sem precedentes".
De acordo com o Exército israelita, 480 mil pessoas fugiram da zona desde então, enquanto a Defesa Civil de Gaza, uma organização de primeiros socorros que opera sob a autoridade do Hamas, estimou a saída de 450 mil pessoas.
De acordo com relatos fornecidos por hospitais de Gaza contactados pela agência France-Presse (AFP), as operações israelitas mataram hoje pelo menos 33 pessoas em todo o território, incluindo 11 na Cidade de Gaza.
Dadas as restrições à imprensa em Gaza e as dificuldades de acesso ao local, a AFP não pode verificar de forma independente os relatos de várias fontes.
Com o apoio dos EUA, Israel anunciou o início de uma campanha militar terrestre e aérea na terça-feira na Cidade de Gaza, no norte do território palestiniano, para destruir o movimento islamita palestiniano Hamas, cujo ataque a 07 de outubro de 2023 em Israel fez mais de 1.200 mortos e desencadeou a guerra na Faixa de Gaza.
"As forças israelitas vão continuar as suas operações com uma força sem precedentes", garantiu o coronel Avichay Adraee, porta-voz do Exército israelita, pedindo à população que evacue a cidade.
Os habitantes, por sua vez, descreveram uma situação caótica. A ONU estimou o número de residentes na Cidade de Gaza e arredores em cerca de um milhão no final de agosto.
A Defesa Civil reportou ainda tiroteios e ataques na Cidade de Gaza e em Khan Younis (sul).
Já o Exército israelita informou na sexta-feira que as suas tropas continuaram a "expandir as suas atividades" na Cidade de Gaza, acrescentando que encontraram armas e "eliminaram terroristas".
Avichay Adraee anunciou o encerramento de uma rota de evacuação temporária, aberta 48 horas antes, especificando que a única rota para sul era agora a estrada costeira de Al-Rashid.
Esta rota voltou a estar hoje congestionada, com as pessoas a fugirem para sul, a pé, de carro ou em carroças puxadas por burros, segundo os jornalistas da AFP no local.
Em resposta ao 07 de Outubro, Israel lançou uma ofensiva devastadora que fez dezenas de milhares de mortos, mais de 65.000, e provocou um desastre humanitário no pequeno território, onde cerca de dois milhões de palestinianos sitiados foram repetidamente deslocados desde o início da guerra, há quase dois anos.
A sua ofensiva na Cidade de Gaza valeu a Israel uma condenação internacional ainda mais severa. O secretário-geral da ONU, António Guterres, lamentou a situação "moral, política e legalmente intolerável" em Gaza.
Paris, por sua vez, instou Israel a "pôr fim a esta campanha destrutiva", enquanto Londres a apelidou de "totalmente irresponsável e aterradora".
Os Estados Unidos voltaram a bloquear a adoção, pelo Conselho de Segurança da ONU, na quinta-feira, de um texto que apelava a um cessar-fogo e ao acesso humanitário a Gaza, uma proposta apoiada pela maioria dos membros.
Na terça-feira, uma comissão de inquérito independente, mandatada pela ONU, concluiu que Israel estava a cometer um genocídio contra os palestinianos em Gaza. As autoridades israelitas negaram.
Inforpress/Lusa/Fim
Partilhar