Cidade da Praia, 23 Ago (Inforpress) - A presidente da Fundação Smart City, Loide Monteiro, acautelou hoje para um levantamento profundo e estudos técnicos sólidos das urbes para que as decisões sejam mais assertivas e contribuam para uma cidade preparada para o futuro.
Loide Monteiro fez essas ponderações em entrevista à Inforpress, na sequência da tempestade tropical que devastou a ilha de São Vicente no passado dia 11 de Agosto.
Manifestando alguma preocupação, a engenheira colocou uma série de inquietações, em tom de alerta, nomeadamente se, por hipótese, acontecer uma nova tempestade tropical, se se correrá o risco de assistir à mesma destruição, pelo que considera ser fundamental uma reconstrução com mais inteligência, de forma estruturada e integrada.
“E não apenas com soluções individuais e pontuais. A tempestade tropical em São Vicente mostra que fenómenos extremos são inevitáveis e vão tornar-se mais frequentes. Não podemos controlá-los, mas podemos preparar as nossas cidades para serem mais resilientes”, sublinhou.
“É aqui que entra o conceito das Cidades 4S–Smart, Sustentáveis, Seguras e com Sorriso. Usar a tecnologia ao serviço das pessoas, promover sustentabilidade, criar infraestruturas seguras e colocar o bem-estar dos cidadãos no centro. Se queremos cidades resilientes, precisamos de cidadãos informados, responsáveis e participativos. Planear a cidade é também planear-nos a nós mesmos”, vincou.
Segundo a mesma fonte, a tempestade expôs duas coisas importantes, isto é, as fragilidades da infraestrutura existente, por um lado e, por outro, a “necessidade urgente” de acelerar a transição para cidades mais inteligentes e resilientes.
Nisto, persistiu que a tempestade revelou que São Vicente é “altamente vulnerável” a fenómenos climáticos extremos, tanto ao nível da infraestrutura física como na capacidade de resposta, tendo ficado evidente a fragilidade de algumas construções, da rede energética e de saneamento, bem como a necessidade de sistemas de alerta e monitorização mais eficazes.
“Não podemos continuar a construir e gerir as nossas cidades da mesma forma. Fenómenos extremos como este vão tornar-se cada vez mais frequentes, e precisamos de planeamento urbano inteligente, infraestrutura resiliente e comunidades preparadas. A participação activa dos cidadãos é essencial, porque a resiliência depende também de comportamentos individuais e colectivos”, concretizou.
Reiterou que a catástrofe em São Vicente veio mostrar que as cidades precisam de estruturas mais robustas e adaptadas às alterações climáticas, e que é também “urgente” integrar a tecnologia na prevenção, monitorização e resposta a desastres.
“Mostrou também que a ilha ainda depende muito de respostas emergenciais, em vez de ter um planeamento preventivo robusto. Essa vulnerabilidade, no entanto, deve servir de alerta. Precisamos investir em resiliência, reconstruir com critérios técnicos sólidos e integrar tecnologia e inovação para que futuras tempestades não causem destruição semelhante”, concluiu.
SC/JMV
Inforpress/Fim
Partilhar