Cidade da Praia, 31 Jul (Inforpress) - O historiador cabo-verdiano e ex-deputado da nação José Soares destacou hoje a importância do “batuco” como um elemento fundamental da identidade cultural do país e defendeu medidas e políticas para garantir a sua valorização social, económica e educativa.
Em entrevista à Inforpress, no âmbito do Dia Nacional do Batuco, celebrado 31 de Julho, alertou para a necessidade desta manifestação cultural ser conhecida nas escolas e integrado aos roteiros turísticos, ampliando sua presença além da ilha de Santiago, mas em todo o arquipélago.
“O batuco precisa ser reconhecido não só como uma manifestação cultural de terreiro, mas também como um património nacional que merece estar presente nas escolas e nos pacotes turísticos de Cabo Verde”, realçou, ressaltando ser essencial que os guias turísticos estejam preparados para torná-lo um atrativo cultural mais acessível e valorizado pelos visitantes.
Para o especialista e também mentor, junto dos colegas parlamentares José Sanches, Felisberto Vieira e Austelino Correia, da proposta de lei que instituiu o Dia Nacional do Batuco, em 2021, no mesmo Dia da Mulher Africana, torna-se crucial também a valorização económica das batucadeiras.
Ou seja, deseja que o pagamento deve ser equiparado ao de todos os outros grupos culturais, garantindo um rendimento justo a essas mulheres, enfatizando, nas mesma linha, a necessidade de inclusão das batucadeiras no Estatuto do Profissional Criador e Produtor de Arte recentemente aprovado, assegurando-lhes proteção social e reconhecimento formal.
Disse que embora hoje o batuco tenha conquistado espaço em grandes palcos musicais e festivais, ainda se encontra resistência em alguns sectores da sociedade para incluir grupos de batuco em eventos públicos e institucionais.
“Há alguma faixa da sociedade que tem a timidez de convidar um grupo do Batuco para uma atuação musical ou se calhar um evento, uma cerimónia pública ou institucional”, afirmou, enaltecendo que o batuco deve ser também prioridade da música cabo verdiana como é a morna, a coladeira e o funaná.
Explicou que a iniciativa parlamentar dedica uma justa homenagem ao batuco e às mulheres africanas, e disse acreditar que a tradição poderá ocupar o lugar que merece no panorama cultural de Cabo Verde, garantindo sua preservação e o reconhecimento nas futuras gerações.
“Devo dizer que enquanto santiaguense, um dos mentores da iniciativa parlamentar, foi um motivo de orgulho e de satisfação ver o batuco também nos grandes palcos da música cabo-verdiana”, assinalou.
“O batuco era uma manifestação cultural de terreiro, e sair do terreiro para os grandes palcos, devo aqui fazer referência ao mítico grupo do batuco de Criança, Adolescente Pó de terra, do Terrafal, Chão Bom, que começou a cantar o batuco nos palcos”, exemplificou.
LT/JMV
Inforpress/Fim
Partilhar