Cidade da Praia, 15 Jul (Inforpress) – O Sindicato da Indústria, Serviços, Comércio, Agricultura e Pesca (SISCAP) denunciou hoje o que classifica de “onda de ameaças, perseguições e isolamento” contra trabalhadores do INE envolvidos em reivindicações e defesa dos seus direitos laborais.
A denúncia foi feita em conferência de imprensa, na cidade da Praia, pelo presidente do SISCAP, Eliseu Tavares, que afirmou que a instituição sindical tem recebido denúncias de um clima laboral “degradante e em crescendo” dentro do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), alegadamente alimentado pelo actual conselho directivo, em especial pelo seu presidente.
O sindicalista está a acusar o presidente de “perseguir sistematicamente os trabalhadores mais antigos e combativos”, promovendo uma “gestão marcada por animosidade, falta de diálogo e total incapacidade de garantir a paz laboral”.
Eliseu Tavares acusou ainda o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, de “conivência por omissão”, por ter conhecimento da situação e não agir para a sua resolução.
Isto, continuou a mesma fonte, apesar de há um ano o governante ter reconhecido o problema durante uma reunião com representantes do SISCAP e trabalhadores do INE.
Na origem do conflito, segundo Tavares, estão processos disciplinares instaurados contra dois trabalhadores com mais de 20 anos de serviço na instituição.
O segundo destes processos, apontou, foi desencadeado “horas depois da participação do trabalhador numa manifestação à frente do INE no passado dia 19 de Junho”, o que o SISCAP classifica de “tentativa clara de silenciar a luta sindical legítima”.
Eliseu Tavares revelou que o sindicato já apresentou uma queixa formal à IGT que já se encontra a preparar uma visita inspectiva à instituição, e não descarta levar o caso à justiça, caso persistam os “actos de perseguição e assédio” no INE.
“O SISCAP já apresentou uma queixa formal junto da Inspecção-geral do Trabalho (IGT) e entregou provas evidentes de perseguição e assédio laboral dentro do INE”, revelou Eliseu Tavares.
Entre os factos denunciados estão a mudança de salas de trabalho como forma de punição, intimidações verbais e processos disciplinares considerados “infundados e ridículos”.
Citou um processo instaurado contra uma trabalhadora por ter comentado com a palavra “lamentável” uma publicação nas redes sociais da Televisão de Cabo Verde (TCV) sobre a participação do presidente do INE no programa televisivo “Ponto por Ponto”.
O sindicato pondera ainda denunciar a situação junto da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e instituições estatísticas congéneres, para expor o que classifica como “má gestão e violação da liberdade sindical” no INE.
Um grupo de trabalhadores do INE posicionou-se no dia 19 de Junho diante da instituição para manifestar contra o clima laboral que classificam de “degradante”, mostrando o seu desagrado face ao “quadro pintado” pelo presidente num programa televisivo.
Entre as reivindicações da classe consta também o não cumprimento dos estatutos do INE, em vigor desde 2021, o “incumprimento do acordado” quanto ao enquadramento dos técnicos para níveis seniores e a postura do vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, que “deixa o conselho directivo destruir a imagem e reputação do INE”.
TC/AA
Inforpress/Fim
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