Mindelo, 07 Mai (Inforpress) - A Associação das Peixeiras do Mindelo (APM) lançou hoje uma campanha contra Violência Baseada no Género para sensibilizar, prevenir as pessoas sobre esta problemática, desmistificar a ideia de que VBG é culpa da mulher, e promover masculinidades positivas.
Esta informação foi apresentada à imprensa pela responsável da APM, Eloisa Mota, pela activista Celeste Fortes e pela responsável da organização não governamental Paz e Desenvolvimento, Estibaliz Tobas, que desenvolvem esta campanha com financiamento da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID).
Denominada “Kordá Kab Verde - violénsia maxista ta matá (Acorda Cabo Verde, violência machista mata, em português), a campanha vai decorrer durante dois meses e estará direccionada à sociedade civil, mas com foco nas comunidades pesqueiras de Mindelo, Calhau e São Pedro.
Segundo Celeste Fortes, na campanha de sensibilização vão divulgar cinco produtos, dos quais um para informar sobre os vários tipos de violências, através de apresentação de cartazes, por integrantes das próprias comunidades pesqueiras, rodas de conversa, panfletos, materiais impressos, nas redes sociais e outras plataformas digitais e ainda nos órgãos de comunicação social.
“Se uma pessoa é vítima de VBG ela tem algumas opções que deve seguir e que a pode apoiar na sua decisão de apresentar a queixa. Ela pode partilhar a situação com familiares, com amigos de confiança, com associação comunitária no seu município. Também ela pode ligar pela linha de emergência 132, cuja chamada é gratuita e a denúncia é anónima”, explicou.
A mesma fonte lembrou que também podem procurar o Centro de Apoio à Vítima do Instituto Cabo-verdiano da Igualdade e Equidade de Género (ICIEG), no seu município, o Gabinete de Apoio à Vítima, da Polícia Nacional.
“Se ela seguir esta opção, ela tem direito a receber ajuda, protecção, justiça e denunciar a VBG é um passo importante para ela sair daquele ciclo de violência. Ou seja, para que ela tenha uma vida livre de Violência Baseada no Género”, acrescentou.
Para a responsável da APM, Eloisa Mota, é preciso fazer uma mudança de mentalidade, principalmente nas comunidades piscatórias, para entenderem que existem vários tipos de violências, que estão enraizadas na sociedade e que precisam ser combatidas.
“Falamos sobre a percepção do que temos sobre a violência, mas devemos levar em conta o contexto social em que vivemos e crescemos. Há muitas coisas que vemos no nosso dia-a-dia que são violências, mas são normalizadas na sociedade”, argumentou Eloisa Mota, dando exemplo de que “muitas mulheres são proibidas de trabalhar fora de casa e isto configura uma violência porque mata os sonhos da mulher, mas é normalizada pela sociedade”.
Conforme a responsável da organização não governamental, Paz e Desenvolvimento, Estibaliz Tobas, através da experiência que tem no terreno percebe que várias situações de VBG acontecem nas comunidades pesqueiras. A mesma fonte disse que a maior parte das pessoas conseguem identificar a manifestação violenta mais extrema, que é um feminicídio, mas nem sempre conseguem identificar outros tipos de violência tais como violências económicas, patrimoniais e diversos tipos de violência sexual.
“Acho que há desafios também nessa questão de como está naturalizada a violência e o julgamento para as mulheres sobre os seus comportamentos. É preciso também mostrar aos homens outras formas de masculinidade possíveis e que não são tóxicas, não são violentas e nem machistas", completou.
CD/ZS
Inforpress/Fim
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