
***Por: Lucilene Fernandes Salomão, da Agência Inforpress***
Ribeira Grande, 01 Out (Inforpress) – A poucos quilómetros da cidade da Ribeira Grande, Santo Antão, vive um idoso de mais de 80 anos, cuja vida é um retrato da solidão, numa casa em ruínas, sem electricidade e condições precárias de higiene.
A casa do idoso, cujo nome optamos por não divulgar, é uma construção antiga, com paredes cheias de fissuras, em risco iminente de ruir.
Não há higiene nem conforto, e a única companhia desse idoso, além da solidão, é um porco que vive num chiqueiro debaixo da sua casa, exalando um odor insuportável que invade o seu lar.
Sem condições mínimas de moradia, o homem enfrenta uma rotina desgastante, não dispõe de uma casa de banho e, como resultado, faz suas necessidades numa bacia que despeja na rua.
O acto, tão comum para muitos, torna-se uma fonte de "vergonha e desespero" para o idoso.
"Gostaria de ter uma casa de banho, um lugar digno para me cuidar", desabafou.
A falta de cuidados básicos reflecte-se, não apenas no seu espaço, mas também na sua saúde.
Já caminha com dificuldade, utilizando muletas, e mesmo assim, segundo ele, quando a fome aperta, desloca-se até o centro de dia da Ribeira Grande em busca de uma refeição quente.
Contactada pela Inforpress, a vereadora da área social da Câmara Municipal da Ribeira Grande (CMRG), Maria de Jesus Rodrigues, informou que o idoso está inscrito no centro de dia da Ribeira Grande, onde é cuidado por uma cuidadora que se desloca à sua localidade para lhe levar a refeição quente e fazer a sua higiene e não só.
No entanto, segundo a autarca, todos os dias, por “teimosia”, o idoso desloca-se à Ribeira Grande para tomar a sua refeição quente no centro de dia da cidade.
“A câmara municipal já fez vários tipos de acções na sua casa e, esporadicamente, há pessoas que vão fazer a limpeza do espaço onde ele vive. Só que ele é um idoso que tem alguma perturbação. Isso não quer dizer que seja um doente mental, porque não é, mas apresenta algumas dificuldades”, disse.
Segundo a vereadora da área social da CMRG, o homem nem sempre aceita que as cuidadoras entrem em casa e o mesmo possui um colchão, mas prefere dormir mal a utilizá-lo.
“Era necessário ter psicólogo e psiquiatra para conseguir agir neste caso e em vários outros que temos no concelho, mas, infelizmente, essa não é a nossa realidade e é um desafio para a câmara municipal e, sobretudo, para as cuidadoras”, salientou.
Outrossim, a mesma fonte relembrou de uma reivindicação a nível dos três municípios de Santo Antão que é possuir um lar de idosos na ilha.
“O ideal seria que houvesse um em cada concelho. Mas, como sabemos, a nossa realidade em Cabo Verde é difícil. É uma promessa do Ministério da Família e esperamos que, em breve, possamos contar com esse lar, para oferecer um maior cuidado a, pelo menos, uma parte da população”, almejou.
LFS/HF
Inforpress/Fim
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