Santa Cruz: Artesã Maria da Graça lamenta “pouca valorização” da cultura e pede apoio ao artesanato

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Santa Cruz: Artesã Maria da Graça lamenta “pouca valorização” da cultura e pede apoio ao artesanato
18/10/25 - 09:43 pm

Pedra Badejo, Santa Cruz, 18 Out (Inforpress) – A artesã e presidente do Atelier da Graça, Maria da Graça, lamentou hoje que a cultura continue a ser “pouco valorizada” em Cabo Verde, defendendo uma maior aposta na dignificação e reconhecimento do artesanato e dos artistas nacionais.

Maria da Graça falava à Inforpress, à margem de uma Tarde Cultural realizada na localidade de Rocha Lama, promovida pelo Atelier da Graça em parceria com a Câmara Municipal de Santa Cruz, no âmbito do Dia Nacional da Cultura e das Comunidades, que se assinala a 18 de Outubro.

A artesã reconheceu o apoio da autarquia, classificando a Câmara Municipal de Santa Cruz como “parceira constante” na promoção das iniciativas culturais.

“A Câmara tem me apoiado sempre, faz a cobertura dos meus eventos e acredita no meu trabalho. Isso dá-me força para continuar, porque sozinha seria difícil”, disse.

Com mais de 35 anos de dedicação à arte, Maria da Graça afirmou que o seu trabalho é movido pela persistência e pelo amor à cultura, mas também por muitos desafios.

“Os nossos artistas e artesãos continuam muito desvalorizados a nível nacional. A cultura não é apenas música. Dentro da cultura há costureiros, carpinteiros, quem faz pilões, balaios, instrumentos musicais… todos são artesãos e artistas que merecem respeito e reconhecimento”, declarou.

A artesã, que representou o país em várias ocasiões internacionais, nomeadamente na Índia, Espanha e Emirados Árabes Unidos, lamentou que em muitos países os criadores sejam mais valorizados.

“Em outros países, como a Espanha ou a Índia, o artesão é tratado com dignidade. Lá, um artesão com 65 anos é reconhecido como mestre e tem o seu lugar na sociedade. Aqui, infelizmente, ainda falta essa valorização”, lamentou.

Apesar das dificuldades, Maria da Graça garante que não vai desistir, e que mesmo que não haja apoio suficiente, vai continuar.

“As pessoas precisam entender que a cultura é tudo o que somos. É o que nos identifica como cabo-verdianos”, sublinhou.

A tarde cultural teve também como propósito incentivar a participação da comunidade, em particular de jovens e mulheres, visando reforçar o papel da arte na coesão social e no desenvolvimento local.

DV/CP

Inforpress/Fim

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