Ribeira Grande, 28 Mai (Inforpress) – Um grupo de lavadores de carros, que trabalha em frente à Escola Secundária Suzete Delgado, na Ribeira Grande, Santo Antão, pediu hoje à autarquia que ceda um espaço digno perto da cidade para exercerem a sua actividade.
Em declarações à Inforpress, Jandir Delgado recordou que alguns meses depois de terminar a sua formação em empreendedorismo no Centro de Emprego e Formação Profissional, foi contemplado com um kit de auto-emprego.
“Foi das melhores coisas que aconteceu na minha vida. Estava desempregado e sem norte. Assim que fiz a minha formação, formalizei a minha empresa e com o kit faço lavagem de carros perto do liceu”, acentuou.
No entanto, a mesma fonte defendeu que o local onde está a desenvolver a sua actividade não é o mais apropriado para o efeito, tendo em conta o barulho que a máquina de lavar carros faz e, também, devido à água que fica empoçada e pode, segundo mesmo, provocar focos de mosquitos.
Neste sentido, apelou à edilidade ribeira-grandense que lhes ceda, a ele e aos colegas, um lugar para exercerem a sua actividade mais à vontade e não perturbem as aulas ou exames no liceu.
Por sua vez, Ivanildo da Conceição disse que começou a lavar carros há 15 anos e disse que não se opõe caso a edilidade resolver tirá-los de perto do liceu, mas, conforme o mesmo, é necessário que sejam criadas as condições para trabalharem noutro lugar perto da cidade.
“Não é a nossa intenção perturbar o funcionamento do dia-a-dia da escola e temos consciência do barulho. Na altura, quando recebemos a formação em empreendedorismo ficou a promessa de que iriam organizar um lugar para exercermos a nossa actividade, mas até agora não o fizeram e, como temos de ganhar o nosso pão, estamos a trabalhar aqui”, disse.
Rolando Pires, que também é veterano neste ofício, enfatizou que a formação e a entrega do kit para exercer a sua actividade foi algo “inexplicável”, no entanto, a falta de um espaço digno para trabalhar o tem condicionado.
“Ainda não uso a máquina de lavar carros porque é muito barulhenta e tendo em conta que estou perto de uma escola levo em consideração que posso perturbar as aulas, mas também aqui não há espaço para todos. E mesmo quando estou a lavar um carro posso molhar quem circula perto e aqui tem muitos alunos e professores a passar frequentemente”, sublinhou.
Por isso, a mesma fonte vai na mesma linha de pensamento dos seus colegas que há necessidade de terem o próprio espaço para exercerem as suas actividades.
José Luciano, também veterano na actividade, lava carros perto da esquadra da Polícia Nacional.
Este contou à Inforpress que recebeu o kit de auto-emprego, mas não o usa para não “perturbar” a vizinhança.
Por isso José Luciano pede o “mais breve possível” que a edilidade encontre um espaço digno para exercer a sua actividade.
Este assunto foi levado à última sessão da Assembleia Municipal da Ribeira Grande, pelos deputados da oposição ARG e PAICV que pediram uma posição da Câmara Municipal da Ribeira Grande, face à situação.
Em resposta, o presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, Orlando Delgado, concordou que o local não é a melhor localização para os lavadores de carro.
Orlando Delgado disse, na ocasião, que já tinha recebido um pedido do liceu, sobre a situação e que a edilidade já estava no processo para encontrar uma “melhor solução” para os lavadores de carro.
“O problema não é só o barulho, o problema é também o saneamento, a forma como aquilo fica aí, a água que fica aí, a bazar na rua, cria mosquitos e situações que não abonam e não fazem sentido”, reconheceu Orlando Delgado.
O edil ribeira-grandense afirmou que quer que os lavadores de carro exerçam a sua actividade e garantiu que está a tentar ajudar a encontrar uma solução. Delgado admitiu que esta é uma preocupação da própria câmara municipal que está à procura de uma solução.
LFS/HF
Inforpress/Fim
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