Mindelo, 17 Ago (Inforpress) - O presidente da câmara de São Vicente disse hoje à Inforpress que a ilha vai precisar de “trabalhos profundos” a nível da rede de esgoto, sobretudo no coração que é a zona de Caisim, onde tudo vai desaguar.
Segundo Augusto Neves, neste momento as famílias estão a ser acolhidas, as que perderam casas estão a ser alojadas, já se começa a fazer a limpeza das ruas, mas depois há que pensar na parte das infraestruturas.
Para o autarca, São Vicente tem tido um bom saneamento, com a primeira fase do plano sanitário concretizada nos anos 80, a segunda fase nos anos 90 e a terceira fase nos anos 2000.
Mas, observou, com a construção de hotéis, há zonas que têm de ser reforçadas, pelo que a câmara vai aproveitar para fazer um “trabalho profundo” porque o centro de esgoto está na baixa do Mindelo e é preciso criar condições para que quando chova não crie problemas.
“Esse esgoto vai ser uma dor de cabeças. Temos de pensar já em trabalhos profundos nesta ilha porque tivemos prejuízos grandes no nível do coração da São Vicente, que é a zona do Caisim, onde é tudo vai parar. As caixas de visita estão todas entupidas e desobstruí-las não é brincadeira”, explicou.
Segundo o autarca, em relação ao esgoto aéreo já se começou a fazer o levantamento e com acções directas no terreno, com equipamentos que estão disponíveis, mas será preciso o reforço de equipamentos de forma urgente para repor a normalidade.
“O resto tem de ser para reabilitar e restaurar a cidade, vai ser necessário investimentos estruturantes e vamos ter que pensar na melhoria e reforço de todo o sistema de drenagem e de discos que funcionaram até onde puderam, tal com disse bem o Presidente da República”, acrescentou Augusto Neves.
Segundo a mesma fonte, as chuvas que caíram em São Vicente foram um sinal forte e vai acontecer mais, com mais frequência devido às mudanças climáticas, por isso há que preparar o país melhor.
Sobre as dificuldades na recolha do lixo, o presidente da Câmara Municipal de São Vicente disse que no início foi uma orientação da autarquia de não deixar os carros saírem por causa da obstrução das estradas, evitando a danificação das viaturas.
Pelo que a decisão foi “desobstruir as estradas em primeiro lugar, principalmente a que dá acesso à lixeira municipal na Ribeira de Julião”, porque, sublinhou, a autarquia teve “más experiências de carros que foram danificados totalmente por causa das condições da via em dias de chuva”.
“O lixo pode amontoar-se porque vamos recolhê-lo e depois vamos fazer uma grande limpeza com apoio das Forças Armadas. Mas já começamos a recolher com carros de caixa aberta, porque o lixo tem várias coisas como latas e não podemos colocar latas nesses camiões”, explicou.
As cheias da passada segunda-feira deixaram bairros inundados, destruíram estradas e afetaram o abastecimento de energia, e uma pessoa está ainda por localizar.
O Governo declarou situação de calamidade por seis meses em São Vicente, Porto Novo (Santo Antão) e nos dois concelhos de São Nicolau.
Além disso, já foi anunciado um plano estratégico de resposta que contempla apoios de emergência às famílias, mas também às actividades económicas, com linhas de crédito com juros bonificados e verbas a fundo perdido, justificando a decisão com o "quadro dramático, excecional".
O Governo utilizará os recursos do Fundo Nacional de Emergência e do Fundo Nacional de Emergência, criado em 2019 precisamente para responder a situações de catástrofes naturais ou impacto de choques económicos externos.
CD/AA
Inforpress/Fim
Partilhar