
Assomada, 24 Out (Inforpress) – A engenheira civil e investigadora Verónica Pires alertou hoje para os riscos crescentes que o sistema de abastecimento de água em Cabo Verde enfrenta devido às mudanças climáticas, às perdas elevadas na rede e ao avanço urbano descontrolado.
Factores que, segundo Verónica Pires, podem comprometer gravemente a disponibilidade de água no futuro próximo, principalmente a cidade da Praia, onde há uma “urbanização rápida e descontrolada”.
A especialista, que desenvolve uma tese de doutoramento sobre multi-risco em sistemas de abastecimento de água na Universidade de Aveiro, apresentou resultados preliminares do estudo que indicam que a diminuição da precipitação e o aumento da temperatura estão a reduzir a recarga de água subterrânea, tornando a dessalinização ainda mais determinante para o abastecimento.
A investigadora acrescentou ainda, que além das limitações naturais, a infra-estrutura existente agrava o cenário, com condutas antigas, avarias constantes e “perdas significativas” de água antes de chegar aos consumidores, situação que obriga a gestão por zonas e provoca longos períodos sem abastecimento.
“Se grande parte da água produzida se perde na rede, acabamos trabalhando muito para ter pouco. O sistema tem de se tornar resiliente às mudanças climáticas”, afirmou.
Verónica Pires defendeu ainda uma maior colaboração entre investigadores e decisores políticos, considerando que o conhecimento técnico-científico pode acelerar soluções estruturantes.
Estas afirmações foram feitas em declarações à Inforpress à margem de uma jornada técnica da Ordem dos Engenheiros de Cabo Verde, realizada hoje na Universidade de Santiago em Assomada, dedicada ao tema da “água para o desenvolvimento sustentável”.
Pelo que, o bastonário da Ordem dos Engenheiros de Cabo Verde, Carlos Sousa Monteiro, sublinhou que iniciativa visa reforçar a capacidade técnica nacional, e responder aos desafios ligados à água, à agricultura e à energia.
O encontro incluiu debates sobre barragens, nexo água-energia e modelos de gestão que permitam reduzir perdas, proteger a saúde pública e garantir abastecimento contínuo, um desafio que, segundo os especialistas, não pode mais ser adiado.
DV/ZS
Inforpress/Fim
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