Cidade da Praia, 25 Mar (Inforpress) – O novo embaixador Extraordinário e Plenipotenciário de Cabo Verde junto da República da Itália prometeu hoje continuar a trabalhar para a edificação e implementação da política externa e da “diplomacia em prol do desenvolvimento socioeconómico” do país.
Estevão Vaz Tavares, que foi hoje empossado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Integração Regional, Rui Figueiredo Soares, terá também acreditação não-residente na Grécia, Turquia e Sérvia, e servirá de missão de ligação para os países próximos como Alemanha, Arménia, Bósnia, Macedónia, Montenegro e San Marino.
Na sua intervenção, realçou que as relações externas e diplomáticas com a Itália “têm história, bases sólidas e está edificada”, graças ao contributo “importante” de vários actores, membros do Governo, embaixadores, diplomatas e funcionários.
Apontou que Itália foi um país pioneiro, como origem do investimento direto estrangeiro na década de 90 no sector do turismo em Cabo Verde, e que existe espaço para continuar a alargar a cooperação descentralizada, tanto no quadro das relações entre municípios como da intervenção de organizações não-governamentais.
“Mesmo não sendo Cabo Verde parte do grupo de países de preferência para a cooperação italiana, devemos assinalar a indelével presença da Itália em sectores importantes e pioneiros antes e depois da independência nacional, nomeadamente na aviação civil, telecomunicações, como também no apoio ao desenvolvimento nacional”, precisou.
Segundo disse, o novo plano Mattei, adotado pelo Governo italiano, assente em novos paradigmas de cooperação para o desenvolvimento com o continente africano, é um “importante instrumento” que poderá abrir janelas para a cooperação com as ilhas em sectores como a educação, formação, saúde, energia, água e agricultura, sendo que são cruciais e de interesse para o desenvolvimento nacional.
Para o diplomata, a presença recíproca de comunidades imigradas nos respectivos territórios constitui evidentemente um factor importante no diálogo político-diplomático bilateral e no aprofundamento das relações, e neste quadro irá merecer uma atenção o seguimento das propostas de acordos apresentadas pelas partes.
“O triste fenómeno de migrações clandestinas em massa a que vimos assistindo nos últimos anos, provocando inúmeras vítimas tanto no Mar Mediterrâneo como no nosso Oceano Atlântico, uma verdadeira tragédia, obriga-nos também a voltar nosso olhar ao passado e relembrar a experiência da migração orientada dos finais dos anos 60 e 70 entre Cabo Verde e Itália que se traduziu numa boa integração dessa geração de imigrantes na sociedade italiana”, referiu.
No seu entender, este é o exemplo de uma das medidas que tanto os países emissores como os receptores podem associar a outras, como as políticas de desenvolvimento, de combate à pobreza, formação e educação das populações,
Por seu turno, o ministro Rui Figueiredo Soares, que considerou Itália como um parceiro tradicional de Cabo Verde, realçou que o país está interessado em dar continuidade e reforçar as relações bilaterais e multilaterais, políticas, econômicas e em outros domínios que resultam do cruzamento dessas duas condições
Neste sentido, desafiou o diplomata a continuar a incrementar “avenidas de parceria” que existem e podem aparecer, em virtude do diálogo político bilateral regular entre as duas partes, da cooperação económica no turismo e no investimento privado, e em várias outras áreas, incluindo a área da segurança cooperativa em matéria penal, ou de cooperação técnico-científica.
“Não menos importante será igualmente o diálogo político bilateral que os dois países deverão manter em torno da migração recíproca dos seus nacionais, na busca das melhores soluções, tanto para os migrantes como para os respectivos Governos, e em última instância contribuindo para uma gestão global do fenómeno”, concluiu Rui Figueiredo Soares.
O diplomata fará também o acompanhamento das relações com as organizações internacionais sediadas em Roma, nomeadamente a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e o Programa Alimentar Mundial (PAM).
AV/AA
Inforpress/Fim
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