
Cidade da Praia, 31 Out (Inforpress) – O mergulhador Emanuel Charles d’Oliveira, que integrou a equipa responsável pela redescoberta dos vestígios do navio francês “La Méduse”, afirmou que a sua participação representa “uma contribuição importante de Cabo Verde” neste achado histórico de 1816.
Emanuel Charles d’Oliveira, que é proprietário do Santiago Dive Center, em Tarrafal de Santiago, explicou que a missão, realizada entre 20 de Setembro a 07 de Outubro, contou com a participação de arqueólogos e especialistas em património cultural subaquático de vários países.
“É uma dinâmica, que incluiu uma associação de Marrocos, da Mauritânia, elementos ligados ao Ministério da Cultura, do Senegal e um elemento ligado tanto à universidade como à Direção-Geral de Cultura, que é funcionário da Unesco, e da parte de Cabo Verde participei através de um convite pessoal”, concretizou a mesma fonte.
Segundo Emanuel Charles d´Oliveira, também conhecido como Monaya, existe uma dinâmica ligada à identificação, reconhecimento e valorização do património cultural subaquático nesta região.
Explicou que o grupo era composto por arqueólogos e pessoal ligado a patrimónios subaquáticos de Portugal e do francês Jean-Yves Blot, que foi o que descobriu os destroços de “La Méduse” pela primeira vez, há 45 ano.
Avançou que a expedição teve como objectivos a redescoberta dos destroços do navio naufragado em 1816 ao largo da costa da Mauritânia e visita a uma antiga fortificação portuguesa na ilha de Arguim, construída no século XV, para servir de porto de apoio para negócios e navegação de embarcação portuguesa.
Emanuel Charles d’Oliveira, que participou na redescoberta dos destroços do navio francês “La Méduse”, afirmou sentir-se orgulhoso por representar Cabo Verde nesta importante missão de valorização do património cultural subaquático.
Segundo o mergulhador, esta experiência reflete o trabalho que tem vindo a desenvolver nos últimos anos na área do património histórico subaquático, tanto a nível nacional como internacional. 
“O facto de ter participado pessoalmente nesta redescoberta é a coisa que mais tenho gostado de fazer atualmente a nível de patrimônio cultural histórico subaquático, e é a coisa que tenho mais dedicado ultimamente em Cabo Verde”, destacou. 
Para este responsável, o simples facto de um cabo-verdiano integrar uma equipa internacional neste tipo de missão já representa um contributo importante para o país.
“Só o facto de ser cabo-verdiano e de estar lá já é bom para o país. É uma contribuição que Cabo Verde está a dar, individualmente e institucionalmente, na redescoberta dos vestígios de La Méduse, que naufragou em 1816”, afirmou, lembrando que teve “um papel determinante” na segurança e nas buscas de vestígios.
Sublinhou ainda que Cabo Verde tem feito progressos significativos na área da identificação e valorização do património subaquático. 
“Estamos bem e bastante adiantados na nossa região. Emprestamos a nossa experiência e temos ganhado reconhecimento internacional”, observou.
Apesar dos avanços, reconheceu que a falta de financiamento continua a ser um desafio, sendo que é uma área “melindrosa e cara”, o que dificulta o acesso a apoios, “mas o país não está parado”. 
Segundo disse, o naufrágio de “La Méduse” é um dos mais conhecidos da história marítima, tendo inspirado o célebre quadro “Le Radeau de la Méduse”, actualmente exposto no Museu do Louvre, em Paris.
A fragata francesa que integrava a frota enviada para estabelecer a administração colonial sobre a região do Senegal sucumbiu num dos bancos de areia de Arguím, na costa da Mauritânia, em 1816.
A bordo tinha mais de 400 pessoas entre tripulantes e passageiros, tendo falecido cerca de 150 pessoas.
AV/AA
Inforpress/Fim
Partilhar