Cidade da Praia, 28 Mai (Inforpress) – A médica ginecologista obstetra do Hospital Universitário Agostinho Neto (HUAN) Gisele Modesto alertou hoje para o surgimento de casos de depressão na gravidez e no pós-parto, e para a necessidade de psicólogos para acompanhar as mulheres.
Gisele Modesto, que falava à Inforpress, no âmbito do Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher, celebrado hoje, 28 de Maio, avançou que a estrutura hospitalar tem detectado alguns casos relacionados com a psicose corporal
Para esta responsável, a saúde da mulher é um tema muito importante e muito abrangente, que vai muito para além da consulta de ginecologia, ou seja, observou, inclui também a questão da saúde mental, emocional, física e o planeamento familiar.
"Temos notado que as mulheres têm uma preocupação em cuidar da sua saúde, há mais procura em relação aos cuidados da saúde, porque tem-se denotado, mais diagnóstico de câncer, então talvez isso tenha levado as mulheres a pensarem em fazer as suas consultas de forma rotineira, no sentido de diagnosticar atempadamente ou fazer as consultas preventivas, evitando que o diagnóstico seja feito de forma tardia”, referiu.
Segundo explicou, o organismo da mulher tem alterações hormonais em cada fase da sua vida que estão relacionadas com algumas patologias ou alterações específicas, salientando que é muito comum no período do climatério e da menopausa o surgimento de depressão, quadros da ansiedade e Alzheimer.
“Temos que ter em conta também que na fase quando a mulher está grávida ela tem muitas alterações hormonais e emocionais, que podem estar associadas à depressão pós-parto, ou mesmo também durante a gravidez”, disse a médica que sublinhou que a Campanha Maio Furta-Cor Cabo Verde 2024 alerta para a importância de falar da saúde mental materna.
Adiantou que perante uma situação de depressão, é feita a identificação das pacientes, ou grávidas que têm situações de risco, para fazer o acompanhamento psicológico, porque existem casos de mulheres que já passaram por esta situação durante a gravidez anterior.
Entretanto, afirmou que hoje em dia já se fala no pré-natal psicológico, mas essa ideia ainda não é tão incutida aqui em Cabo Verde.
“Necessitamos de mais psicólogos para acompanhar as mulheres porque toda mulher, quando está num estado grávido corporal, deve ter um acompanhamento psicológico, e durante esse período as vezes é identificado que há necessidade de encaminhar para um psiquiatra, porque às vezes há necessidade de medicação”, referiu.
Anunciou que neste momento a maternidade dispõe de uma psicóloga que faz o acompanhamento dessas mulheres, e os obstetras identificam se tem algum critério nesse sentido, solicitam a avaliação, e elas são acompanhadas durante esse período por esta psicóloga, e, posteriormente, são encaminhadas para as psicólogas nos centros de saúde.
Explicou que os casos de mortalidade detectados muitas das vezes estão relacionados com o diagnóstico tardio, sobretudo com o câncer de colo de útero e da mama, daí a necessidade de se trabalhar na promoção e na prevenção.
Gisele Modesto deixou um apelo a todas mulheres, no sentido de fazerem o autocuidado, os exames preventivos, praticar exercícios físicos e fazer uma alimentação equilibrada.
O Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher ressalta a importância de consciencializar a sociedade sobre os desafios da saúde feminina e a necessidade de reduzir a mortalidade materna, assegurando cuidados de qualidade para todas as mulheres.
Instituída no IV Encontro Internacional Mulher e Saúde, realizado em 1984 na Holanda, essa data celebra duas causas cruciais: o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna.
AV/JMV
Inforpress/Fim
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