São Filipe, 10 Out (Inforpress) - A coordenadora Residente das Nações Unidas em Cabo Verde, Patrícia Portela de Souza, enalteceu hoje, em São Filipe, ilha do Fogo,o compromisso e o protagonismo de Cabo Verde na agenda global de preservação dos oceanos.
Na cerimónia de abertura da IV Conferência da Década do Oceano, que decorre na ilha do Fogo, sob o lema “Unindo Saberes, Protegendo os Mares: Ciência Oceânica para Todos”, a coordenadora residente da ONU referiu que a conferência celebra não só a riqueza natural dos oceanos, mas também a sabedoria e resiliência das comunidades costeiras que deles dependem.
A coordenadora residente da ONU frisou ainda a importância da ciência oceânica baseada em evidências como base para decisões sustentáveis e eficazes.
Para a mesma fonte, esta conferência é um apelo à acção e ao compromisso colectivo com o futuro do planeta, um compromisso baseado em dados e factos, pelo que, sublinhou, celebra-se também hoje “a força do multilateralismo, neste caso o multilateralismo voltado ao mar”.
Patrícia Portela de Souza referiu-se na sua intervenção à actuação de Cabo Verde na Terceira Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos (UNOC3), realizada em Junho deste ano em Nice, onde o país teve um papel de co-facilitador na aprovação da Declaração Política que reafirma a meta global de proteger 30 por cento (%) dos oceanos e da terra até 2030.
A conferência, lembrou, resultou em mais de 800 compromissos concretos de países e organizações, e destacou acções como investimento de um bilhão de euros da Comissão Europeia para apoiar a conservação dos oceanos e a pesca sustentável e o compromisso da criação, pela Polinésia Francesa, da maior área marinha protegida do mundo, assim como o compromisso da Nova Zelândia de investir 52 milhões de dólares na governança oceânica do Pacífico.
Além disso, a coordenadora residente da ONU destacou o avanço na ratificação do Tratado de Alto Mar (BBNJ), com entrada em vigor prevista para Janeiro de 2026, já aprovado pelo Parlamento de Cabo Verde no passado mês de Julho.
Patrícia Portela de Souza afirmou que Cabo Verde, como Pequeno Estado Insular em Desenvolvimento (PEID), tem desempenhado um papel exemplar na promoção da ciência oceânica, sendo membro activo da Aliança da Década do Oceano da COI/UNESCO e tendo adoptado uma estratégia de economia azul focada em crescimento inclusivo, protecção da biodiversidade e resiliência climática.
O país, segundo a mesma fonte, está a implementar reformas estruturantes nas áreas das pescas, ordenamento marítimo e restauração de ecossistemas costeiros, com apoio de agências da ONU como a FAO, UNEP, PNUD, UNESCO e UNIDO.
Em termos de financiamento, destacou a plataforma Blu-X, que já mobilizou mais de 40 milhões de euros para infra-estruturas resilientes, e iniciativas inovadoras em economia circular para combater a poluição marinha.
Aquela responsável da ONU apontou a IV Conferência da Década do Oceano como mais um marco no caminho rumo à UNOC4, agendada para 2028, no Chile e Coreia do Sul, e até lá, reforçou a necessidade de transformar compromissos em acções concretas, com foco em três pilares fundamentais.
A colocação da ciência no centro da transformação da economia azul, com dados robustos e acessíveis para poder gerir os oceanos de forma sustentável, investir em pessoas e parcerias para conectar ciência, políticas públicas e comunidades, priorizando mulheres, jovens e grupos vulneráveis, e mobilizar financiamento inovador, como obrigações azuis e parcerias público-privadas são as prioridades apontadas pela coordenadora residente da ONU.
“A economia azul não é apenas diversificação económica. É dignidade humana. É segurança alimentar, emprego, inclusão e resiliência”, lembrou Patrícia Portela de Souza.
A ONU reafirma o seu apoio a Cabo Verde na construção de uma trajetória sustentável, onde as vulnerabilidades sejam transformadas em oportunidades, e onde a ciência oceânica aplicada se torne instrumento de progresso, emprego, segurança alimentar, inclusão, equidade, protecção ambiental e resiliência para os ecossistemas.
“Naveguemos juntos neste mar azul de oportunidades”, concluiu a coordenadora residente, convocando todos os presentes à acção colaborativa e inclusiva em prol dos oceanos e das gerações futuras.
JR/ZS
Inforpress/Fim
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