
São Filipe, 10 Out (Inforpress) – O grupo musical Passadinha deu início, quinta-feira, 09, aos trabalhos de construção da campa da sepultura do compositor e intérprete Daniel Varela, mais conhecido por Putchota, falecido a 07 de Dezembro de 2018.
O objectivo do grupo, formado pelo trio Braz de Andrade, Júlio Correia e Amadeu Fontes, é garantir um espaço digno que homenageie a vida e a obra de um dos mais genuínos artistas da ilha do Fogo.
Segundo Braz de Andrade, membro do grupo musical Passadinha, a sepultura está a ser feita com pedra de granito e incluirá uma escultura da figura do artista, além da inscrição de trechos de algumas das suas composições mais emblemáticas.
“Queremos que a sua campa seja um modelo interessante, com uma fotografia grande esculpida na pedra, algo visível à distância, como forma de eternizar a sua memória”, afirmou.
Os custos da obra, estimados entre 300 a 400 contos, estão a ser totalmente suportados pelo grupo, que considera esta homenagem um dever moral pela importância de Putchota na cultura da ilha e de Cabo Verde.
A conclusão dos trabalhos na sepultura está prevista para meados de Novembro, altura em que será realizada uma cerimónia simbólica para marcar o momento.
Além da sepultura, o grupo Passadinha tem outros projectos para preservar a memória do artista e um dos pedidos em curso é a atribuição do nome de "Rua Daniel Varela - Putchota" à via onde o artista nasceu e residiu.
No passado o grupo chegou a propor a edificação de um busto do artista, para valorizar ainda mais a sua contribuição cultural, mas esta iniciativa não foi avançada pelo membro do grupo.
Com relação à atribuição do nome do artista a uma das ruas, Braz Andrade avançou que Júlio Correia já tinha iniciado diálogo com as autoridades locais, nomeadamente, a câmara e assembleia municipais de São Filipe nesse sentido e que a conversa será retomada agora visando a concretização do pedido.
Conhecido pela autenticidade das suas composições, Putchota abordava, nas suas músicas, temáticas sociais e do quotidiano, muitas vezes com uma abordagem crítica e bem-humorada.
Canções como "Cuidado na bu bida", interpretada por Neuza de Pina, ou "Merca I", gravada por Assol Garcia, retratam vivências reais da sociedade foguense.
Em 2018, o artista lançou nos Estados Unidos da América o álbum “Djarfogo in ca negabu”, com dez faixas de sua autoria, produzido por José Laço. O seu primeiro trabalho discográfico foi lançado em 1998 com o grupo Raiz di Djarfogo.
O grupo acredita que com estas iniciativas está a cumprir o compromisso assumido de valorizar e perpetuar a memória de Putchota, cuja obra continua viva nas vozes de artistas locais e na memória cultural de São Filipe.
“Fazer tudo isso para Putchota não estamos a rebaixar o Fogo”, disse Braz Andrade que está na ilha do Fogo para iniciar o trabalho na campa de Putchota no cemitério de Achada Forca ou cemitério de cima.
JR/HF
Inforpress/Fim
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