
Espargos, 12 Set (Inforpress) - A filha do ex-combatente Júlio de Carvalho sublinhou que a figura de Amílcar Cabral se destaca não apenas como um símbolo da luta pela independência, mas também como um pilar fundamental na formação da identidade nacional do país.
Ana de Carvalho deixou essas considerações à Inforpress, por ocasião do centenário de nascimento de Amílcar Cabral, comemorado hoje, 12 de Setembro.
Desde sua infância, a mesma fonte disse ter vivido “imersa” na herança deixada por Cabral, “um legado que moldou a luta pela libertação da Guiné-Bissau e de Cabo Verde do colonialismo português”.
“Cabral, que junto a seus conterrâneos iniciou a luta armada para a independência, é conhecido por uma frase que ecoa na memória colectiva: “pensar pelas nossas próprias cabeças”, sublinhou.
Este princípio, conforme a mesma fonte, reflecte a visão de um país que, apesar de ter sido colonizado por Portugal por 500 anos, desenvolveu uma identidade própria e, posteriormente, buscou sua autonomia para moldar o futuro de suas ilhas.
A mesma fonte sublinhou que a luta pela independência foi uma luta para que os cabo-verdianos pudessem pensar pelas próprias cabeças, destacando ainda que Cabo Verde, composto por dez ilhas, “tem uma rica tapeçaria de influências e culturas que se fundiram para formar a sua identidade”.
“Após quase 50 anos de independência, o país experimentou avanços significativos em áreas como educação, saúde e políticas públicas para combater a seca, um dos maiores desafios enfrentados pelas ilhas”, continuou.
No entanto, Ana de Carvalho, lamentou a falta de implementação efeciva dos ideais de Amílcar Cabral no sistema educacional.
“Embora a figura de Cabral seja reconhecida internacionalmente e estudada em universidades ao redor do mundo, sua presença nas escolas cabo-verdianas ainda é insuficiente (...) é uma pena que, na prática, os pensamentos de Cabral não sejam mais aprofundados no currículo escolar”, lamentou.
Para concluir, a mesma frisou que “o legado de Cabral, que não apenas lutou pela independência de Cabo Verde e Guiné-Bissau, mas também teve um impacto significativo em toda a África”, deveria ser um ponto central na educação nacional.
“Se os ideais de Cabral fossem mais integrados ao ensino, acredito que as futuras gerações poderiam entender melhor a história e o desenvolvimento do país, o que possibilitaria um posicionamento mais consciente e a formulação de novas propostas para um crescimento sustentável”, concluiu.
Já para Fabio Testi, um jovem que não viveu a “era Cabral”, mas que reconhece o seu contributo para que Cabo Verde fosse o país que é, destacou que graças à luta de Amílcar Cabral e dos seus companheiros combatentes, “hoje é possível viver num país livre e independente”.
“Aquilo que estamos a viver hoje, é o reflexo daquilo que foi toda luta travada no passado, reflectindo um exemplo de resiliência, de força para todos os jovens serem persistentes e lutar por aquilo que nós acreditamos,”, sublinhou.
Para Fábio Testi, a camada mais jovem, não tem tirado o “máximo” proveito daquilo que são as ideologias de Cabral, mas apelou à preservação da história do “pai das independências de Cabo Verde e Guiné-Bissau”, e a usá-las como exemplo para projectar o futuro.
NA/ZS
Inforpress/Fim
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