
Sal Rei, 12 Sep (Inforpress) – A figura de Amílcar Cabral deveria estar mais presente na sociedade cabo-verdiana, não só em datas comemorativas, defenderam hoje vários boa-vistenses, que concordam que se hoje o país está livre se deve a Cabral.
A propósito do centenário de nascimento de Amílcar Cabral, que se assinala hoje, os populares ouvidos pela Inforpress alertaram para a necessidade de se lembrar de Cabral não apenas em datas especiais como o 05 de Julho ou o seu aniversário, mas ano todo.
“Todos sabemos que Amílcar Cabral lutou por Cabo Verde, é o nosso herói. Se hoje somos livres, é graças a ele”, disse à Inforpress a jovem Tatiana Semedo, de 21 anos.
Tatiana acredita que os jovens têm noção da importância de Cabral, porque as escolas não deixam a sua história morrer, mas pensa que em casa, na sociedade em geral, já não se ouve histórias como antes sobre Amílcar e os outros combatentes que lutaram para a independência do arquipélago.
“A camada jovem tem outros interesses, que não têm nada a ver com a história de Cabo Verde, nomeadamente as redes sociais”, notou.
Aos pais e encarregados de educação apela para falarem mais com os seus filhos sobre a história de Cabo Verde e dos seus heróis porque, vincou, graças a eles "hoje somos um povo livre".
Paulo Ricardo, 21 anos, considera que Amílcar Cabral é importante para Cabo Verde, uma vez que, disse, se não fosse Cabral, “não seríamos livres e independentes, pelo que, segundo alegou, Cabral "deveria ser um dos nomes mais destacados e conhecidos do país”.
Cabral, afirmou o jovem, deveria ser estudado por outros jovens, para entenderem “a história do país, não só nas escolas, mas para a vida toda”.
Para Valdemir Rodrigues, de 37 anos, Amílcar Cabral representou Cabo Verde e Africa, pelo que não deveria ser lembrado só num dia como hoje ou a 05 de julho.
Para o jovem todos os cabo-verdianos poderiam "fazer mais e melhor" para representar Cabral, difundir o seu legado de forma a chegar também aos mais pobres e fortalecer a educação como ele pensava.
“Deveríamos ter mais presente a figura de Amílcar como exemplo do homem justo que foi, em especial o Governo e os políticos de Cabo Verde”, sugeriu.
Já para Helena Duarte, portuguesa e professora há 25 anos na Boa Vista, Cabral é uma figura incontornável da sociedade cabo-verdiana e guineense.
Para a docente, o ideal de Cabral na promoção da educação tem sido cumprido, porque, lembrou, aquando da independência havia apenas dois liceus oficiais, e actualmente há cerca de 50 escolas secundárias em todo o arquipélago.
Segundo a mesma o discurso que Amílcar Cabral proferiu sobre a língua portuguesa (“A língua portuguesa é uma das melhores coisas que os portugueses nos deixaram”), como forma de promover o desenvolvimento das sociedades africanas, ainda é uma das suas estratégias utilizadas na sala de aula para levar os alunos a gostarem da disciplina.
Nascido a 12 de Setembro de 1924, em Bafatá, na Guiné-Bissau, Amílcar Cabral, filho de pais cabo-verdianos, foi o principal arquiteto do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), em 1956, que organizou e liderou as frentes de combate contra o regime colonial português. No entanto, a sua visão ia além de suas nações.
O centenário de Amílcar Cabral está a ser celebrado com diversas actividades em todo o mundo, incluindo simpósios e homenagens, exposições, debates e cerimônias com a participação activa da sociedade civil e de associações.
MGL/JMV
Inforpress/Fim
Partilhar