Cabo Verde carece de vários recursos para tratamento de doenças neurológicas das crianças - coordenadora de missão

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Cabo Verde carece de vários recursos para tratamento de doenças neurológicas das crianças - coordenadora de missão
28/05/24 - 02:07 pm

Cidade da Praia, 28 Mai (Inforpress) - A coordenadora da missão de Neuropediatria de Portugal diz que Cabo Verde carece de vários recursos, a nível de equipamentos para o diagnóstico, centro de reabilitação e médicos especializados nesta área para o tratamento de doenças neurológicas das crianças.

“Há muitas carências nomeadamente na parte de se fazer e ter um diagnóstico sobretudo a ressonância magnética que é muito importante ter para saber das doenças neurológicas, bem como, a parte de reabilitação", afirmou, em declaração à imprensa, a neuropediatra e coordenadora da missão, Ana Isabel Dias.

Esta responsável disse ainda que há “muita necessidade” de psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, centro de desenvolvimento para a reabilitação das crianças com necessidades especiais para a sua integração nas comunidades e optimização das suas capacidades.

Segundo Ana Isabel Dias, esta missão médica veio a Cabo Verde colmatar alguns desafios que o hospital enfrenta nesta área com o objectivo de fazer ponte no diagnóstico, promover a reabilitação e evitar muitas evacuações que têm sido feitas para Portugal.

“Cerca de 25% das doenças encontradas nas consultas na pediatria em Cabo Verde são do nível neurológico e muitas com doenças crônicas, por isso essas crianças precisam de seguimentos”, disse Ana Isabel Dias, ressaltando que é preciso apostar na contratação de mais neuropediatras.

Neste momento afirmou que vão atender mais de 200 crianças para consultas de enfermidades neurológicas variadas, tais como, epilepsia, cefaléias, paralisia cerebral, doenças neuromusculares, metabólicas e/ou genéticas, malformações do sistema nervoso central, atrasos e distúrbios específicos do desenvolvimento, distúrbios comportamentais como autismo, deficit de atenção e hiperatividade.

“Vamos atender mais de 200 crianças para fazerem consultas, diagnóstico, encaminhamento, orientações terapêuticas. Mas também vamos dar formação e capacitação para os técnicos cabo-verdianos desse hospital nesta área”, elucidou.

Esta responsável reiterou o compromisso de continuar a apoiar este país nesta área e aproveitou para mostrar a satisfação desta equipa em ajudar Cabo Verde para progredir.

“Estamos satisfeitos por ver que o nosso projecto tem sustentabilidade, mas há muito caminho a percorrer”, salientou.

Por sua vez, a neurologista do Hospital Universitário Agostinho Neto, Albertina Lima, disse que esta missão é “muito importante” porque para além de fazer consultas de fisioterapia, também dão formações para os técnicos de saúde, o que traz” mais valia” para o país.

Albertina Lima apontou também um dos grandes desafios nesta área, a carência de profissionais, afirmando que em Cabo Verde existe uma neuropediatra, asseverando que devido ao défice de mais profissionais os neurologistas acabam atendendo muitas vezes as crianças.

“Temos falta ainda a nível de reabilitação”, frisou, defendendo que é “necessário investir muito” na reabilitação parque, segundo explicou, após o diagnóstico essas crianças necessitam de ter um centro de reabilitação para melhorar a qualidade de vida delas.

Por fim, aproveitou para agradecer mais uma vez à equipa da missão de Neuropediatria de Portugal pela ajuda que contribui para melhorar a qualidade de vida das crianças.

Esta 17ª missão de Neuropediatra é composta por três médicos neuropediatras, uma enfermeira especialista e uma fisioterapeuta especializada em reabilitação pediátrica.

A missão ocorre no Hospital Universitário Agostinho Neto, de 27 a 31 do corrente, no âmbito do acordo de Cooperação Intergovernamental na Saúde (2012 e 2014) e as acções previstas no Plano de Acção acordado entre os dois países (2015) para o trabalho assistencial e de formação, bem como para a triagem e diminuição das evacuações de crianças e jovens com problemas neurológicos, o que tem sido notado nos últimos anos.

DG/ZS

Inforpress/Fim

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