
Cidade da Praia, 19 Dez (Inforpress) – O PAICV (oposição) afirmou hoje, no parlamento, que os agricultores e pescadores de Santiago Norte sentem-se num estado de “abandono”, enquanto a UCID defende uma distribuição “proporcional” dos recursos destinados a mitigar os danos das últimas chuvas.
No dia 28 de Novembro, o Governo, através da comunicação social, anunciou ao país que tinha mais de 2,3 milhões de contos para fazer face aos estragos provocados pelas recentes chuvas na região norte de Santiago e que dentro de “poucas semanas” os agricultores começariam a receber subvenções.
Entretanto, hoje, numa declaração política que antecedeu os trabalhos da sessão plenária, o maior partido da oposição lamentou o facto de, até ao momento, o governo não ter ainda disponibilizado um “único centavo” para apoiar as pessoas vítimas das chuvas.
A parlamentar Eveline Ramos, eleita nas listas do PAICV para Santiago Norte, acusou o executivo de Ulisses Correia e Silva de ter anunciado “no papel” 398 mil contos para o município de São Miguel; 245 mil contos para Tarrafal, enquanto para Santa Catarina e Santa Cruz 146 mil contos e 171 mil contos, respectivamente.
A deputada considera que neste contesto há uma “discriminação” dos municípios por parte do governo, no que concernente à distribuição dos recursos financeiros, frisando que o maior volume de chuvas caídas se registou no município do Tarrafal, que provocou não só a morte de uma pessoa, como também danos em campos agrícolas.
Neste quesito, interveio o deputado da UCID (oposição), João Santos Luís, a pedir uma distribuição de forma “proporcional” dos recursos, para que os municípios de Santiago Norte possam repor a “normalidade de funcionamento”.
“Se existe um fundo de emergência, este deve ser disponibilizado com urgência”, apelou o também presidente da UCID, que ainda propôs no sentido de as autarquias criarem um “fundo municipal de emergência” para que, disse, elas próprias possam actuar até que o governo disponibiliza verbas para a reposição da normalidade.
A deputada do MpD (poder) Carmen Martins, contrariando os seus colegas de Santiago Norte, mais concretamente os do PAICV, disse que o executivo continua ainda a fazer levantamentos relativos aos prejuízos provocados pelas chuvas, acrescentando que existe plano para a “recuperação de diques e poços”.
Carmen Martins comentou ainda que estava a ver a “tentação” por parte do maior partido da oposição em colocar “São Vicente contra Santiago Norte”, pelo que apelou ao PAICV a “parar com esta táctica” de pôr Cabo Verde em “guerra”, porque, enfatizou, o país precisa de “paz e harmonia”.
Reagindo a estas declarações, a deputada Eveline Ramos afirmou que, enquanto os parlamentares eleitos por São Vicente se unem para lutar a favor da sua população, em Santiago Norte, uma parte “levanta a bandeira do MpD” e a outra “defende os seus eleitores”, numa referência aos deputados do PAICV.
“Temos que ter a mesma voz para defendermos os agricultores de Santiago Norte”, pontuou Eveline Ramos.
Reconheceu que, efectivamente, o Governo visitou as localidades dos municípios do interior de Santiago fustigadas pelas chuvas de Novembro, mas que, na prática, as promessas ainda não se concretizaram.
LC/CP
Inforpress/Fim
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