Guineenses em Cabo Verde manifestam-se contra golpe de Estado e exigem divulgação dos resultados eleitorais

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 Guineenses em Cabo Verde manifestam-se contra golpe de Estado e exigem divulgação dos resultados eleitorais
13/12/25 - 01:23 pm

Cidade da Praia, 13 Dez (Inforpress) – A comunidade guineense residente em Cabo Verde realizou hoje uma manifestação na Praia em protesto contra o golpe de Estado na Guiné-Bissau e exigem a divulgação  dos resultados das eleições presidenciais realizadas no dia 23 de Novembro.

Em declarações à Inforpress, a porta-voz dos manifestantes, Paulo Nancás, explicou que a escolha do local da manifestação teve um forte simbolismo histórico, por se tratar de um espaço que evoca a figura de Amílcar Cabral, líder da luta de libertação da Guiné-Bissau e de Cabo Verde. 

Segundo a representante, a comunidade apela à Comissão Nacional de Eleições para a divulgação urgente dos resultados eleitorais, sublinhando que os dados já se encontram na posse dos partidos políticos, dos candidatos presidenciais e dos observadores internacionais.

“Os resultados estão na mão de todos os representantes dos partidos políticos (…). Todos sabem que houve vencedores nas eleições, na primeira volta. Então, por que não divulgar os resultados?”, questionou, recordando que no País vigora o regime da democracia.

Paulo Nancás manifestou preocupação com a detenção de dirigentes políticos na Guiné-Bissau, defendendo a libertação dos mesmos como condição essencial para o regresso à normalidade democrática no país.

 

A porta-voz da comunidade guineense criticou, igualmente, o papel dos militares no actual contexto político “que deveriam estar nos quarteis”,  sublinhando  que a tomada do poder ocorreu na véspera da divulgação dos resultados eleitorais,

“Então, vimos propriamente militares que assumem os poderes de que lado estavam. Por isso, nós, até o momento, devíamos estar a falar outra coisa, não de um golpe”, defendeu.

Apesar do cenário que classificou como um retrocesso democrático devido aos sucessivos golpes de Estado ao longo dos cinco anos, Paulo Nancás disse acreditar numa solução política, apontando para o envolvimento da CEDEAO.

“Sabemos que a CEDEAO está a fazer o seu trabalho e, em princípio, amanhã, dia 14 de Dezembro, deverá haver uma decisão”, avançou, sublinhando que o País está cada vez mais em marcha trás.

A manifestação decorreu de forma pacífica e juntou membros da comunidade guineense que apelaram ao restabelecimento da ordem constitucional e ao respeito pela vontade popular expressa nas urnas.

A comunidade erguia cartaz com frases como “liberdade aos presos”, “Apelamos ao respeito pela Constituição”, “Respeita a vontade do povo”, “Luta pela liberdade” e “Militares voltem para os quartéis” enquanto cantava músicas tradicionais da Guiné-Bissau,

Um grupo de militares tomou o poder na Guiné-Bissau, destituiu o Presidente cessante, Umaro Sissoco Embaló, que deixou o país e suspendeu a divulgação dos resultados das eleições gerais de 23 de Novembro.

Os militares justificaram a tomada do poder com a suposta “existência de um plano de desestabilização através do tráfico de drogas, manipulação eleitoral, incitamento ao ódio e descoberta de um depósito clandestino de armas”.

LT/JMV

Inforpress/Fim

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