
São Filipe, 24 Nov (Inforpress) – O primeiro estudo integrado sobre as montanhas submarinas do arquipélago de Cabo Verde, sua biodiversidade, funcionalidade ecológica e relevância socioeconómica é apresentado na terça-feira, 25, no Reino de Espanha.
O estudo, publicado na revista “Progress in Oceanography”, foi realizado por uma equipa internacional de mais de 40 investigadores liderada por Covadonga Orejas, investigadora do IEO-CSIC de Espanha, Veerle Huvenne, investigadora do NOC do Reino Unido, e Jacob González-Solís, professor catedrático da UB de Espanha.
O primeiro estudo integrado sobre as montanhas submarinas de Cabo Verde revela “o papel vital para a biodiversidade” e para a sustentabilidade dos recursos marinhos.
A revisão, liderada pelo Instituto Espanhol de Oceanografia (IEO-CSIC), o National Oceanography Centre (NOC) do Reino Unido e a Universidade de Barcelona (UB), reuniu conhecimento científico disperso e estabelece um marco na compreensão destes ecossistemas profundos.
As montanhas submarinas, pelo menos 14 grandes formações vulcânicas acompanhadas de múltiplas elevações menores, funcionam como “autênticos oásis de vida no Atlântico”, de acordo com o estudo que o professor catedrático da Universidade de Barcelona Jacob González-Solis partilhou com a Inforpress.
A sua capacidade de concentrar nutrientes e alterar a circulação das correntes alimenta uma biodiversidade excepcional, que vai de microrganismos a corais e esponjas de profundidade, tubarões, aves marinhas e cetáceos.
A posição estratégica entre águas temperadas e tropicais reforça ainda mais a produtividade e a conectividade ecológica destes habitats.
“As montanhas submarinas de Cabo Verde são refúgios essenciais para muitas espécies”, destaca Covadonga Orejas no estudo publicado, sublinhando a importância de integrar geologia, oceanografia, biologia e factores socioeconómicos na gestão marinha.
Para Veerle Huvenne, compreender o funcionamento destes ecossistemas é um passo decisivo para garantir a sua protecção e uso sustentável.
O estudo também evidencia a relevância destas montanhas para a sociedade cabo-verdiana e director executivo do Projecto Vitó, Herculano Dinis, lembra que o conhecimento sobre estes ecossistemas pode orientar uma planificação marinha mais abrangente e reduzir a actual concentração das áreas protegidas nas zonas costeiras.
Gillian Ainsworth reforça que o forte apoio das comunidades locais demonstra a necessidade de integrar estas áreas numa economia azul sustentável.
Além da sua riqueza biológica, o artigo publicado no “Progress in Oceanography” analisa os usos humanos como pesca artesanal e industrial e os riscos emergentes, incluindo o tráfego marítimo e a eventual mineração em mar profundo.
Muitas das montanhas cumprem critérios para serem reconhecidas como Ecossistemas Marinhos Vulneráveis (VME) e Áreas de Importância Ecológica ou Biológica (EBSA), de acordo com o estudo.
Segundo Jacob González-Solís, Cabo Verde tem agora a oportunidade de elevar estas montanhas à categoria de áreas prioritárias, alinhando-se com metas internacionais como o compromisso 30x30 e o Tratado de Alta Mar.
O trabalho contou com o apoio de vários projectos europeus, incluindo o iAtlantic e o REDUCE, além do Hanse Wissenschaftskolleg Institute for Advanced Study.
JR/AA
Inforpress/Fim
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