Cidade da Praia, 16 Out (Inforpress) - Olavo Moreno, filho de pais cabo-verdianos nascido em São Tomé e Príncipe, considerado o maior produtor do milho neste arquipélago do Equador, onde possui uma propriedade de quatro hectares, envereda-se também para a plantação do arroz.
Moreno também possui uma pequena parcela com a plantação de arroz, experiência que surgiu após uma formação com especialistas chineses.
Num exclusivo ao jornal online Cvsports Jogo Limpo, em São Tomé e Príncipe, Moreno disse que se orgulha da sua origem, já que os cabo-verdianos são considerados trabalhadores, sendo a principal mão-de-obra nos trabalhos de plantação, apanha de cacau, de entre outras culturas nas antigas roças coloniais.
Contou que desde os 12 anos começou a trabalhar no campo, sob a orientação do seu pai, pelo que continua até os dias de hoje, com muita força e vontade para trabalhar os quatro hectares que possui para cultura do milho, e pensa, inclusive, em expandir a produção de arroz para uma área de dois hectares.
“Para mim é uma enorme satisfação receber a vossa equipa de reportagem aqui na minha propriedade em Canavial. A alegria é muita porque faz-me lembrar os meus pais que vieram de Cabo Verde… eles que muito cedo me ensinaram a ter gosto e valorizar o trabalho no campo. Cresci com esse amor e até o momento, continuo seriamente empenhado e com muita vontade para continuar a desenvolver as ações nesta área”, realçou.
Este filho de cabo-verdianos nascido em São Tomé afirmou que as autoridades locais devem adoptar nova visão e política para o sector agrícola, criando mecanismos eficazes de apoio e incentivo para que os homens como ele, que se dedicam com amor ao trabalho da agricultura, possam melhorar e aumentar a produção.
“Possuo quatro hectares para produzir milho, cultura que produz duas vezes ao ano aqui em São Tomé e que pretendo alargar ainda mais desde que consiga algum apoio na obtenção de financiamento para adquirir tratores para auxiliar no trabalho”, referiu.
“Temos aqui muitos jovens desempregados, se eu conseguir mais meios, posso aumentar a produção e dar mais ocupação e ganho na vida do campo às pessoas da minha comunidade e também de outras partes que costumam trabalhar na minha propriedade”, prognosticou.
Num país como este que chove nove meses o ano, explicitou, o Estado deve apostar com mais profundidade na agricultura e criar um Banco de Fomento Agrícola para apoiar as pessoas que se dedicam à actividade, lamentando, entretanto, que andou e até se cansou, mas que nunca conseguiu apoio das autoridades”.
Depois de vários anos se dedicando à cultura do milho, na qual diz produzir neste momento 28 mil quilos do cereal nos quatro hectares de terra em cada colheita, o agricultor disse à reportagem da Cvsports Jogo Limpo em São Tomé que começou também a produzir arroz numa fase experimental no presente ano de 2025.
“Este é um projecto do Ministério da Agricultura em parceria com a equipa técnica da China, que ministrou uma formação para agricultores no sentido de nos incentivar a fazer a cultura do arroz. A partir daí vieram aqui na minha propriedade e então reservamos um pequeno espaço para a referida experiência. Os chineses perguntaram-me se tinha água, disse-lhes que possuía uma quantidade razoável, pelo que eles se ofereceram a criar condições para o reforço do precioso líquido e começamos a plantação”, frisou.
O agricultor diz-se satisfeito com a nova experiência, que já deu frutos e que serviu para beneficiar toda a comunidade da pequena roça Canavial.
“Quando iniciamos a plantação de arroz muitas pessoas diziam que estávamos loucos, porque isso era apenas capim e não ia produzir nada, mas essas pessoas é que estavam enganadas, porque a experiência surtiu efeito e fizemos uma primeira colheita que conseguimos 600 quilos de arroz e distribuímos a todos os membros da nossa comunidade e não só”, afirmou.
Sublinhou que doravante está à espera da segunda colheita dessa primeira leva de plantação, esclarecendo que pretende expandir a cultura para um espaço de dois hectares, convicto que haja condições para se reforçar a produção do cereal em São Tomé e Príncipe.
SR/JMV
Inforpress/Fim
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