Ilhas Canarias, 14 Jul (Inforpress) – Carlos Lopes defendeu hoje, em Tenerife, que a migração africana é “muito mais interna do que externa” e que deve ser compreendida com base em factos e não em discursos alarmistas.
Falando na sessão de abertura da sétima edição do programa Campus África, o representante da União Africana para as Relações com a Europa destacou que os dados disponíveis contrariam a ideia de uma “invasão africana” à Europa, reforçando que o fenómeno migratório africano é mais estrutural do que emergencial.
“A migração africana não é massiva em volume, nem excepcional em comparação global. É muito mais interna do que externa, muito mais estrutural do que emergencial”, afirmou, lembrando que 70% dos migrantes da África subsaariana permanecem no continente.
Citando estatísticas da Organização Internacional para as Migrações, referiu que, apesar de a África estar a crescer demograficamente, representa apenas 14,1% da migração total na Europa, contra 41% oriunda da Ásia.
Carlos Lopes realçou ainda a necessidade de uma mudança de visão sobre a juventude africana e o seu papel no mundo globalizado.
“Devemos deixar de ver a juventude africana como uma ameaça e começar a vê-la como uma das poucas reservas globais do futuro”, sustentou.
Para o também académico guineense, a cooperação entre África e Europa deve assentar numa lógica de investimento partilhado e sustentável, com foco na formação, na digitalização e na transformação energética.
CampusÁfrica é um programa internacional da Universidade de La Laguna (ULL), em Tenerife, nas ilhas Canárias.
A primeira edição remonta a 2014, com edições subsequentes em 2016, 2018 e 2021.
DV/SR/JMV
Inforpress/fim
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