Cidade da Praia 08 Mai (Inforpress)- A cidadã Cleonice Helena Lopes, do Maio, apelou hoje na cidade da Praia por melhores condições do sistema de saúde na ilha, após uma audiência com o Presidente da República, com o intuito de evitar mais perdas humanas.
Cleonice Lopes, que recentemente perdeu a filha de um ano, sob alegação de falta de infraestrutura e recursos médicos adequados na ilha do Maio, trouxe a público a situação precária de saúde vivida na ilha.
Após audiência com o Presidente da República, José Maria Neves, na sequência de uma carta aberta, Cleonice Lopes descreveu à imprensa “a difícil experiência e as falhas do sistema de saúde local”, denunciando a falta de especialistas, recursos médicos e um sistema de transferência de doentes ineficaz.
A cidadã informou que durante o tratamento da filha, a família enfrentou a ausência de reagentes essenciais para realização de exames que considerava ser cruciais para a detecção da doença da filha, bem como a falta de analista técnico, que, segundo a mesma, estava de folga, frisando que a ilha dispõe de apenas um analista para atender toda a população.
“A evacuação foi marcada por atrasos e falhas no atendimento: a criança foi transportada sem ambulância em um carro comum, e durante o processo de espera no aeroporto, a menina não recebeu a hidratação necessária, o que agravou ainda mais seu estado. A desidratação profunda foi apontada como a causa da morte, algo que poderia ter sido evitado com um atendimento médico mais rápido e eficaz”, explicou.
Cleonice Lopes avançou ainda que está liderando um abaixo-assinado em conjunto com a população maiense, com intuito de pressionar as autoridades a agir, dar mais visibilidade à situação da ilha e garantir o acesso à saúde a todos, para que a situação da ilha seja tratada com urgência.
“O que pedimos não são migalhas, mas sim o direito à saúde para todos, incluindo aqueles que vivem nas ilhas mais distantes e isoladas”, afirmou a mãe.
Segundo Lopes, o Presidente da República comprometeu-se a actuar como fiscalizador das acções dos governantes e decisores, principalmente sobre o sistema de evacuação e acesso aos cuidados médicos especializados, e garantir um sistema de saúde mais igualitário em todas as ilhas.
Apesar da dor da perda, Cleonice Lopes espera que a sua luta possa provocar mudanças no sistema de saúde, prevenindo que outras famílias passem pela mesma situação.
"Queremos garantir que a nossa dor não seja em vão e que outras mães não passem pelo que nós passamos", enalteceu.
A mobilização da família está em andamento, para garantir melhorias no sistema de saúde pública da ilha do Maio.
KR/JMV
Inforpress/Fim
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