Política


13-05-2024 14:40

Porto Novo, 13 Mai (Inforpress) - O eleito municipal da UCID (oposição) José Graça considerou hoje uma “manobra para manipular a consciência dos menos atentos” o empréstimo bancário que a autarquia do Porto Novo pretende fazer para consolidar a dívida pública municipal e financiar investimentos.

José da Graça, que falava aos jornalistas em conferência de imprensa, explicou que a Câmara Municipal do Porto Novo pretende contrair empréstimos junto do BCN no valor de 420 mil contos.

“São dois empréstimos, um 370 mil contos e outro de 50 mil contos. O primeiro de 370 mil contos será destinado à consolidação da dívida pública municipal, que no início de 2024 era de aproximadamente 295 mil contos, sendo o encargo desta dívida no orçamento de 2024, de cerca de 48 mil contos” elucidou.

Segundo o eleito municipal da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), a câmara do Porto Novo contraiu empréstimos de curto prazo que, entretanto, não foram pagos, acumulando um valor de 75 mil contos em contas caucionadas.

Pelo que o político considerou que o acumular destes valores em empréstimos de curto prazo demonstra “falhas graves” na gestão da câmara municipal e do seu presidente que é o seu “principal responsável” e que, no entender do político, se mostra “incapaz” de assumir compromissos assumidos.

José Graça realçou que a saga da consolidação da dívida pública municipal remonta a uma deliberação aprovada e introduzida em regime de urgência no dia 11 de Março de 2023 que autorizava a Câmara Municipal do Porto Novo, a emitir obrigações junto à Bolsa de Valores de Cabo Verde no valor global de 480 mil contos que o mesmo passou por duas alterações.

A mesma fonte recordou que no dia 18 de Dezembro de 2023 foi aprovada a deliberação nº 38/2023 que autorizava a emissão de 290 mil contos em obrigações junto à Bolsa de Valores de Cabo Verde que seriam subscritas pelo Instituto Nacional da Previdência Social (INPS).

“Desse valor cerca de 113 mil contos seriam para pagamento de prestações vencidas e não pagas pela câmara em contribuições da previdência social. Portanto apenas uma parte da dívida pública municipal seria consolidada em uma única instituição financeira, não resolvendo o problema da dispersão dos créditos taxas e prazos”, salientou.

Conforme o eleito municipal da UCID, a câmara do Porto Novo agora quer propor a revogação de deliberação nº 38/2023 de 18 de Dezembro de 2023 contraindo novo empréstimo no valor de 370 mil contos.

No que, segundo a mesma fonte, a UCID estaria disposta a votar a favor deste empréstimo caso não fosse a inclusão dos 75 mil contos derivados das contas caucionadas de curto prazo que só chegou a esse valor por “má gestão” dos recursos financeiros por parte da câmara municipal e do seu presidente.

Por outro lado, José Graça frisou que a Câmara Municipal do Porto Novo pretende contrair junto da mesma instituição financeira um segundo empréstimo no valor de 50 mil contos, para financiar investimentos.

“A UCID é a favor de qualquer investimento que beneficie os portonovences mesmo sendo através de empréstimos bancários. Mas a câmara não especificou que projectos serão financiados com este valor, pelo que a UCID se posiciona contra este empréstimo”, disse.

José da Graça questionou ainda o porquê de só agora tal empréstimo, quando se está a menos de seis meses do término do mandato.

“Se a câmara do Porto Novo quisesse fazer algum investimento de forma séria para o bem dos portonovenses, que mitigasse a pobreza gritante que reina em Porto Novo, o teria feito atempadamente”, sublinhou.

José da Graça disse ainda que a UCID está “preocupada” com a defesa dos interesses dos portonovences, uma vez que numa transação de 420 mil, era obrigatório ao presidente, uma melhor negociação por forma a conseguir maiores vantagens para o município, garantindo juros inferiores a 6%, o que não se verificou.

Por outro Lado, o eleito municipal da UCID salientou que o limite de endividamento imposto pela lei das finanças locais está sendo violado com a concretização desta operação atingindo os 15,45% das receitas correntes pelo menos no primeiro ano.

“Chama-se atenção que a revogação nº 38/2023 o problema das prestações devidas ao INPS no valor de 13 mil contos fica por resolver sem falar dos mais de 220 mil contos em dívidas junto à APN [Águas de Porto Novo] que também continua sem solução, pelo que a situação de desequilibro financeiro desta câmara é extremamente grave, mas, mesmo assim, o presidente confessa, em declarações à Inforpress, que recebe 14 salários anuais, o que é no mínimo imoral para a situação socioeconómica de Porto Novo” finalizou.

LFS/ZS

Inforpress/Fim

13-05-2024 14:38

Mindelo, 13 Mai (Inforpress) - O presidente da UCID afirmou hoje que os desafios do país coincidem com os do partido e considerou que só com o envolvimento abnegado de todos Cabo Verde estará “melhor preparado” para enfrentar essas provações.

João Santos Luís fez estas considerações em comunicado a propósito dos 46 anos de existência da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID, oposição) celebrados hoje, 13 de Maio.

Segundo o político, sectores como educação, economia e industrialização do país, transporte, segurança, saúde, justiça, ambiente laboral e igualdade de oportunidades são considerados pela UCID como “áreas-chave”, que, se bem cuidadas, poderão contribuir para uma “melhor performance” do país, em todos os aspectos.

“Desde já o desafio de termos um sector educativo pujante por forma a que consigamos melhorar os índices actuais em todo o País é a nossa principal preocupação. Um sector que consideramos como principal pilar do desenvolvimento da nossa sociedade, tem de ser mais bem cuidado, com possibilidade de obtenção de investimentos estruturantes e bem direcionados”, indicou o presidente da UCID, acrescentando que desta forma a educação poderá “servir melhor” os outros sectores, entre eles o produtivo, além de “reduzir drasticamente” a pobreza no país.

Conforme João Santos Luís, a necessidade de Cabo Verde alargar a sua base produtiva é também um “desafio premente” porque, elucidou, não se pode continuar a importar quase tudo o que se consome quando no país há recursos que a natureza como o sol, o vento e a água do mar.

Igualmente, considerou que não se pode continuar a criar as condições para construção e instalação de unidades hoteleiras por todo o país, para permitir a importação de quase tudo para o funcionamento das mesmas unidades.

“Torna-se urgente e inadiável o país pensar na melhoria das condições de desenvolvimento da sua economia e paralelamente melhorar a qualidade do sector turístico para que a sua contribuição para a riqueza nacional seja significativamente melhorada”, lançou.

No entender do presidente da UCID, porque Cabo Verde tem uma população maioritariamente jovem é necessário desenvolver melhores políticas voltadas para a juventude, de modo a sentirem-se capazes de dar a sua contribuição para o desenvolvimento das suas localidades e do País.

Também no sector da saúde, sustentou, a estratégia tem de ser melhorada.

“As filas de espera nos hospitais centrais não dão tréguas e as reclamações dos utentes soam a todo o momento. Com os frequentes investimentos realizados nos sectores da justiça e segurança, o País podia estar melhor, nestes sectores, faltando a definição e implementação de políticas mais assertivas para a melhoria e ampliação dos resultados actuais”, argumentou.

Para João Santos Luís, a conectividade entre as ilhas “ainda não é a melhor, não satisfaz” porque, explicou, além de os preços de fretes de mercadorias e passageiros via marítima e bilhetes de passagens aéreas serem “proibitivos”, a regularidade na ligação ainda é “uma miragem”.

Conforme o presidente da UCID, outro desafio é a descentralização do poder porque “não vale a pena continuar a apostar em elencos governamentais excessivos”, nos dias de hoje.

Do contrário, continuou, a população precisa de um poder “mais próximo” para a satisfação das suas necessidades “de forma célere”, que “não se resolve com a deslocalização de alguns ministérios do Palácio da Várzea para Santo Antão, Sal ou São Vicente”.

Acrescentou que aliado a isso está a regionalização que, a seu ver, “deve ser pensada como um desígnio nacional e como a melhor forma de descentralização do poder, permitindo um desenvolvimento acelerado e harmonioso das ilhas”.

Isto porque, explicou, as ilhas precisam de autonomia e liberdade de pensamento e desenvolvimento.

Além disso, segundo João Luís, as comunidades residentes na diáspora precisam de melhor atenção em transporte para Cabo Verde, recenseamento eleitoral e política fiscal “mais amiga” do investimento.

A UCID foi fundada a 13 de Maio de 1978 por cabo-verdianos então radicados nos Países Baixos.

CD/AA

Inforpress/Fim

13-05-2024 12:17

Cidade da Praia, 13 Mai (Inforpress) - O secretário-geral do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição) descartou hoje a existência de “processo e factos” que levem à perda de mandato do presidente da Câmara Municipal da Praia, Francisco Carvalho.

Julião Varela falava em conferência de imprensa em reacção às afirmações do Movimento para a Democracia (MpD, poder) que disse que se o actual presidente da câmara da Praia for a julgamento “não há dúvidas de que ele vai perder o mandato”.

Para o PAICV, essas declarações “não passam de uma forma de tentar pressionar os tribunais” e gerir na questão da justiça no sentido de “condicionar a acção” dos tribunais.

“Esta atitude já expressa, inclusive pelo presidente do MpD, de querer tomar a câmara da Praia custe o que custar está a transformar-se em obsessão e cisma”, acusou Julião Varela.

O secretário-geral do PAICV também se pronunciou sobre as buscas realizadas na Câmara Municipal da Praia, na quinta-feira, 09, e alegou que o PAICV reage com “normalidade e tranquilidade” às buscas desencadeadas pela Procuradoria-geral da Republica e espera que todas as questões sejam clarificadas.

Conforme revelou, “é estranho e preocupante” que na sequência das buscas o MpD venha proferir a sua “sentença”, condicionando e influenciando as investigações, numa atitude “tendenciosa e maliciosa”.

Julião Varela referiu ainda que o MpD tem ignorando os factos apontados nos relatórios de auditorias realizadas pelo Ministério das Finanças aos Fundos do Ambiente e Turismo, entre 2017 e 2020.

“A câmara da Praia, liderada na altura por Óscar Santos, foi a autarquia que mais irregularidades e ilegalidades cometeu no financiamento de projectos com o dinheiro dos Fundos do Turismo e Ambiente, com situações de contratos celebrados de forma irregular, desembolsos com violação de procedimentos legais e projectos com duplo financiamento”, denunciou o secretário geral do PAICV.

Julião Varela acrescentou que a Inspecção-geral das Finanças (IGF) detectou ainda no Fundo do Turismo, entre 2017 e 2020, “situações anómalas de duplo financiamento, contratação de financiamento bancário feita de forma indevida” e de concursos “supostamente forjados”, como o processo de financiamento para a asfaltagem de algumas vias e bairros.

“De acordo com o relatório da IGF, os documentos disponibilizados à equipa de auditoria referentes ao concurso restrito para a contratação da Elevolution Engenharia para as obras de asfaltagem do Ténis e Liceu Domingos Ramos apresentam indícios de serem forjados, visto que foram pagos indevidamente nesta obra o montante de 44.722.104 de escudos, sendo que destes 10.807.916 escudos foram fora do quadro de financiamento do Fundo”, mencionou o secretário geral do PAICV.

Concluiu que o partido está solidário com o autarca Francisco Carvalho, a quem reitera “total confiança”.

OS/AA

Inforpress/Fim

13-05-2024 12:11

Ribeira Grande, 13 Mai (Inforpress) – A candidata do PAICV à presidência da Câmara Municipal da Ribeira Grande, Santo Antão, nas eleições autárquicas deste ano, Maria Teresa, afirmou hoje que quer impulsionar o desenvolvimento económico e social do concelho, numa prespectiva de governação diferente. 

Em entrevista à Inforpress, Maria Teresa disse que a sua candidatura, apoiada pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV – oposição) é uma “oportunidade” de promover novas ideias para o desenvolvimento do concelho, trazendo diferentes inovações, e progresso.

“Acredito que com a nossa motivação, vontade de fazer e competência é possível fazer mais e melhor pela Ribeira Grande, respondendo assim às muitas expectativas e potencialidades que ficaram estagnadas resultante da não alternância política, pois a câmara está sendo governada há várias décadas sem um programa municipal que responde às principais prioridades da população”, disse.

O concelho da Ribeira Grande, segundo a candidata do PAICV à presidência da câmara, encontra-se “estagnado” na maioria dos sectores chave, pelo que, conforme a mesma fonte, é necessário impulsionar o desenvolvimento económico e social do concelho, através de investimentos e infra-estrutura, desencravamento de localidades,  programas e incentivos ao empreendedorismo local,  melhorias nos serviços públicos e políticas de inclusão social, incentivar e promover a participação cívica e cidadã de entre outros.

E neste sentido, Maria Teresa exorta os ribeira-grandenses que “agora é hora, é hora de mudança”, para apoiarem o seu projecto que tem um plano de coordenação significativo que dá prioridade à vida dos ribeira-grandenses, à resolução de problemas que afectam a população.

“No momento certo, os ribeira-grandenses terão oportunidade de conhecer as nossas propostas e acredito que o nosso projecto será escolhido pela maioria dos eleitores”, acentuou.

Maria Teresa é professora de profissão, mestre em estudos de língua portuguesa investigação e ensino pela Universidade Aberta de Portugal.

Maria Teresa é eleita municipal da bancada do PAICV desde 2016.

LFS/ZS

Inforpress/Fim

11-05-2024 19:53

Cidade da Praia, 11 Mai (Inforpress) - A directora executiva do Instituto Pedro Pires para a Liderança, Indira Pires, considerou hoje que vale a pena celebrar o nonagésimo aniversário de Pedro Pires como um político e cidadão que contribuiu para a libertação e construção do Estado.

Indira Pires falava em declarações à Inforpress a propósito do XI Diálogo Estratégico enquadrada nas celebrações do nonagésimo aniversário de Pedro Pires, realizado no Liceu Domingos Ramos, na cidade da Praia.

A filha de Pedro Pires acredita que vale a pena comemorar a vida do patrono por tudo que representou e representa para o País, uma pessoa que tanto contribuiu para o processo de libertação como de construção da nação cabo-verdiana, bem como da parte da abertura política como presidente.

“Estamos a celebrar o homem revolucionário, estadista e cidadão Pedro Pires, porque achamos que efectivamente é uma vida que vale a pena conhecer e celebrar. Por isso, o instituto achou por bem organizar o seu diálogo estratégico sobre “O País e o Homem: uma história de compromisso e luta, explicou, elucidando que o instituto tem trilhado um bom caminho e vencido os desafios ligados à sustentabilidade.

Segundo Indira Pires, nesta XI edição do diálogo estratégico, busca-se a consolidação da marca da organização que tem presenciado, cada vez mais, a adesão das pessoas, um percurso que considerou “interessante e desafiante” em termos de mobilização de recursos e parceiros.

“Temos uma parceria com a Academia BAI, de Angola, temos realizado cursos com a instituição, realizamos um diálogo estratégico em Luanda, temos vindo a colaborar em várias actividades mas não neste sentido de financiamento”, esclareceu.

A directora executiva demonstrou-se preocupada com a sustentabilidade da organização e disse que tem acautelado quando o assunto é actividades e projectos, práticas frequentes do IPP, uma vez que “se quiser ter vida longa” tem de se fazer uma boa gestão.

LT/CP

Inforpress/Fim

10-05-2024 17:42

Mindelo, 10 Mai (Inforpress) - O secretário-geral do Movimento para a Democracia (MpD - poder) disse hoje que existem “factos palpáveis” que se o actual presidente da câmara da Praia for a julgamento não há dúvidas de que ele vai perder o mandato.

Luís Carlos Silva falava em conferência de imprensa, no Mindelo, em reacção às declarações do presidente da Câmara Municipal da Praia (CMP), Francisco Carvalho, eleito pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), que disse que a sua gestão é “focada na transparência e que não há roubo e corrupção no seu mandato”.

Segundo Luís Carlos Silva, o autarca está numa “tentativa e manobra dilatória” para não se chegar ao julgamento até ser declarado como candidato e assim estar coberto pela imunidade. Mas, reforçou, “se a justiça não resolver, o povo vai resolver via voto popular”.

“Os sinais dados pelo Francisco de Carvalho logo no início do mandato é que ele não estava à altura da responsabilidade que lhe foi entregue. Primeiramente, não tinha disponibilidade para cumprir com o princípio da legalidade e não respeitou o estatuto dos municípios ", afirmou o político.

Para o secretário-geral do MpD “depois das práticas, das ilegalidades, irregularidades e com as denúncias de corrupção não há dúvidas que ele não tem condições para continuar à frente daquela municipalidade”.

E por isso, reforçou, o MpD acompanhou, “sem surpresas”, as buscas às instalações da Câmara Municipal da Praia. Isto tendo em conta as denúncias feitas pelos vereadores do PAICV, dos quais Samilo e Chissana, das denúncias dos autarcas do MpD (oposição na CMP), e ainda das do director da auditoria da CMP.

“O MpD acredita no funcionamento das instituições em Cabo Verde, acredita que a justiça funciona e tinha todo o conhecimento dos factos, pelo que encaramos com normalidade, naturalidade, as buscas efetuadas nas instalações da Câmara Municipal da Praia”, lançou.

No entanto, a seu ver surpreendente foram as declarações do presidente da câmara da Praia, que “ataca a justiça”, acusando-a de ser “um joguete e estar ao serviço do Governo e do MpD”.

“O MpD rejeita e condena com veemência esta postura do presidente da Câmara Municipal da Praia. No entanto, temos de reconhecer que é uma postura que tem sido recorrente. Ataca tudo e todos, atacou os colegas vereadores da sua equipa, atacou os vereadores do MpD, ataca ministros, sindicatos, atacou o primeiro-ministro e agora, por fim, ataca a justiça”, criticou, lembrando que o autarca tinha manifestado disponível e aberto para colaborar com a justiça no esclarecimento das denúncias.

Para o secretário geral do MpD, Francisco Carvalho fica para a história do municipalismo cabo-verdiano por ser o primeiro presidente de câmara com julgamento marcado para perda de mandato por ilegalidades graves cometidas ao longo desses quatro anos.

Recordou que Francisco Carvalho também tem um processo no Supremo Tribunal de Justiça movido pelo Ministério Público para anulação de duas deliberações.

“A deliberação que aprova o Orçamento de 2024 e a que faz o Rectificativo de 2023. Ambos com o mesmo vício foram aprovados directamente na Assembleia Municipal sem a aprovação na Câmara Municipal da Praia”, lembrou citando ainda que corre os seus trâmites o processo que surge na sequência das denúncias do director da Auditoria Interna da CMP, que “são graves e de foro criminal”.

Por isso, segundo a mesma fonte, se existe um culpado pelas buscas efectuadas na câmara da Praia, é o próprio presidente que permitiu este clima de “corrupção reinante na autarquia”.

“O MpD está sereno à espera da justiça, com confiança que as instituições funcionem e que a justiça é autónoma e livre”, reiterou afirmando que Francisco Carvalho “quer ser juiz em causa própria e declarar-se inocente” ao dizer que “não roubou nem cinco escudos da Câmara”, mas “quem declara se o presidente da Câmara da Praia é ou não inocente será a justiça”.

Por isso, diz entender que todos os casos onde existem falta de transparência ou existem ruídos de eventual má utilização dos recursos públicos devem ser averiguados pela Justiça.

Questionado sobre a sua visão sobre o processo de perda de mandato da Câmara Municipal de São Vicente, Luís Carlos Silva disse que são dois casos diferentes, apesar de ambos os casos terem início num quadro de ingovernabilidade por ausência de maioria.

Mas considerou que na Câmara Municipal da Praia há uma situação em que o presidente não aceitou a ausência de maioria e tentou governar fora do quadro democrático e do quadro legal, contornando a lei e não respeitando o princípio da legalidade.

“No caso de São Vicente, não há uma tentativa de governar fora do contexto legal, fora do contexto democrático. Não vimos o presidente da Câmara Municipal de São Vicente, por exemplo, a aprovar orçamentos fora do quadro legal. O presidente aceitou o quadro de ausência de maioria e ficou sujeito a uma governação com base em orçamentos duodécimas”, arrematou.

Por isso, conforme o secretário-geral do MpD, se o presidente da câmara da Praia for julgado “muito dificilmente não terá como consequência a perda de mandato, porque ele tem ilegalidades administrativas graves”.

De entre essas alegadas legalidades Luís Carlos Silva citou “a aprovação do orçamento directamente na Assembleia Municipal” e a não realização das reuniões regulares”.

A Câmara Municipal da Praia está a ser investigada por crimes de falsificação de documentos públicos, recebimento indevido de vantagem, peculato, defraudação de interesses patrimoniais e abuso de poder.

Há dois processos, sendo um referente ao período de 2016 a 2019, altura em que Óscar Santos, era presidente da Câmara Municipal.

De acordo com esse primeiro despacho que ditou as buscas, as investigações estão relacionadas com o concurso e a execução das obras de asfaltagem das vias e bairros da cidade da Praia, nomeadamente da via principal do Palmarejo, da zona do Ténis, no Platô, da zona do Liceu Domingos Ramos, a via de acesso ao Cemitério da Várzea e da via de Cidadela no Palmarejo Grande.

Num outro processo, que fala de crimes de falsificação de documentos públicos, recebimento indevido de vantagens, violação da norma de execução orçamental e defraudação de interesses patrimoniais públicos, o Ministério Público aponta como suspeitos a actual secretária municipal, Joselina Soares Carvalho, a vereadora das Infra-estruturas da autarquia, Kyrha Hopffer Varela, o vereador da Cultura, Jorge Garcia, a coordenadora da Unidade de Gestão das Aquisições Públicas da Câmara, Maria Varela, técnico superior Gilson Correia e o presidente da câmara da Praia, Francisco Carvalho.

Aponta ainda como suspeita a empresa Construção Barreto, SA, cujas instalações foram igualmente alvo de buscas e apreensão.

O actual presidente da Câmara Municipal da Praia, Francisco Carvalho, em declarações à imprensa na tarde de quinta-feira afirmou, por seu lado, que a sua gestão é focada na transparência e que não há roubo e corrupção no seu mandato.

CD/LN//CP

Inforpress/Fim

10-05-2024 15:55

Assomada, 10 Mai (Inforpress) - A presidente da Câmara Municipal de Santa Catarina, Jassira Monteiro, fez hoje uma “apreciação positiva” da taxa de execução do plano de actividades e do orçamento municipal, enquanto bancadas divergem nas opiniões.

Jassira Monteiro fez esta apreciação em declarações à imprensa, durante a sessão ordinária da Assembleia Municipal para apreciar o Relatório de Atividades e a Conta de Gerência da Câmara Municipal, referentes ao ano de 2023, que decorreu quinta-feira e hoje.

Nessa sessão, os instrumentos tiveram o aval dos 11 eleitos do Movimento para a Democracia (MpD – partido que gere a câmara) e dois do Santa Catarina Acima de Tudo (SAT, oposição) e oito contra do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, oposição).

Segundo a autarca, a câmara apresentou uma conta real, reconhecendo que o valor orçado 1.346.170.281 escudos, era alto, tendo em conta as expectativas, justificando que Santa Catarina “é um município grande e motor na região Santiago Norte”.

Neste sentido, avançou que o município tem de ter grandes expectativas e grandes projectos, que infelizmente não foi possível fazer a conclusão, mas que vão ser concluídos ainda no ano de 2024. 

O valor executado, 659.146.998 escudos, não passou os 50 por cento (%) conforme sublinhou, mas mesmo assim considera como sendo “uma boa execução”, ressaltando o facto de na área social conseguirem alcançar quase 90%, mas também uma taxa favorável nas áreas de infraestruturas e cultura.

“É preciso entender que continuaram com resquícios de crise, continuaram as consequências da guerra na Ucrânia”, indicou, salientando que esses factores fizeram com que todos os investimentos que a câmara poderia fazer sofreram alguns atrasos.

Mas, realçou que o município se encontra em plena infraestruturação e neste momento das festividades do 23º aniversário da cidade a autarquia vai colocar algumas das infraestruturas à disposição das pessoas. 

O líder da bancada do MpD, Silvino Robalo, disse que a apreciação da bancada é positiva, tendo em conta a conjuntura internacional e nacional vivida em 2023 e que ainda vive.

Sendo assim, evidenciou que a câmara, mesmo nesta situação, conseguiu com a retoma da economia realizar várias actividade e que ainda existem outras em curso, enaltecendo o facto de a câmara ter priorizada ações mais centralizadas nas pessoas do que infraestruturas.

“A câmara teve uma excelente prestação, pese embora queríamos mais”, reconheceu, justificando que existem factores que não dependem nem da autarquia e nem do Governo e nesta situação, a equipa camarária “soube priorizar acções em detrimento de obras”. 

Já o líder da bancada do PAICV, António Martins, avançou que a bancada faz uma apreciação negativa do relatório e da conta gerência da câmara municipal, realçando que a autarquia só executou 49% dos 100% orçados, uma taxa que considerou “muito baixa”.

A mesma fonte sustentou ainda que nos últimos tempos ocorreu alguma disputa interna entre a presidente e outros vereadores no sentido de quem poderia liderar a lista [para as autárquicas previstas para o final deste ano] e diz entender que essa questão “atrapalhou o desenvolvimento do município”. 

António Martins deixou patente que para a bancada o ideal deveria ser pelo menos de 65% de execução, porque 49% é negativo em todos os aspectos, salientando que os outros municípios na região estão a ultrapassar o município de Santa Catarina.

E o líder do SAT, João Correia, disse não ser contra os instrumentos, ressaltando que a conjuntura política não é a das melhores, mas também algumas questões de fricções que ocorreram na câmara municipal.

Enalteceu o facto de a equipa camarária não ter fragilizada e ter mostrada “um rosto humanos”, pois, sublinhou, “não realizou obras técnicas, mas as questões humanas foram levadas ao cabo”, considerando que a equipa realizou o que conseguiu e esta taxa de execução pode ser visto como um desafio para os outros anos.

MC/CP

Inforpress/Fim 

10-05-2024 13:59

Cidade da praia, 10 Mai. (Inforpress) - O ex-presidente da Câmara Municipal da Praia, Óscar Santos, disse hoje estar “tranquilo e disponível” para prestar quaisquer esclarecimentos sobre as investigações na Câmara Municipal da Praia, que levaram à operação de buscas e apreensão esta quinta-feira, 09.

Abordado sobre o assunto hoje à margem da conferência de imprensa da missão do FMI, o actual governador do Banco de Cabo Verde (BCV) disse que não foi notificado sobre o processo e que o seu nome não consta do despacho sobre as buscas que imprensa teve acesso.

“Eu não recebi nenhuma notificação e o mandado que circula por aí o meu nome não consta da lista dos suspeitos. O Ministério Público é claro. Eventualmente há uma investigação sobre obras da asfaltagem que foi feito no âmbito de uma parceria público-privada e eu estou tranquilo”, disse Óscar Santos.

O ex-edil praiense afirmou que as obras de asfaltagem foram realizadas através de parceria público-privada, considerada normal, já que a câmara municipal tem autonomia para a fazer.

“O contrato foi assinado, foi visado pelo Tribunal de Contas, os justificativos foram apresentados. Se há quaisquer esclarecimentos estou 100% disponível para esclarecer”, realçou, indicando que tudo foi feito dentro da legalidade.

A Câmara Municipal da Praia está a ser investigada por crimes de falsificação de documentos públicos, recebimento indevido de vantagem, peculato, defraudação de interesses patrimoniais e abuso de poder.

Há dois processos, sendo um referente ao período de 2016 a 2019, altura em que Óscar Santos era presidente da Câmara Municipal.

De acordo com esse primeiro despacho que ditou as buscas, as investigações estão relacionadas com o concurso e a execução das obras de asfaltagem das vias e bairros da cidade da Praia, nomeadamente da via principal do Palmarejo, da zona do Ténis, no Platô, da zona do Liceu Domingos Ramos, a via de acesso ao Cemitério da Várzea e da via de Cidadela no Palmarejo Grande.

Num outro processo, que fala de crimes de falsificação de documentos públicos, recebimento indevido de vantagens, violação da norma de execução orçamental e defraudação de interesses patrimoniais públicos, o Ministério Público aponta como suspeitos a actual secretária municipal, Joselina Soares Carvalho, a vereadora das Infra-estruturas da autarquia, Kyrha Hopffer Varela, o vereador da Cultura, Jorge Garcia, a coordenadora da Unidade de Gestão das Aquisições Públicas da Câmara, Maria Varela, técnico superior Gilson Correia e o presidente da câmara da Praia, Francisco Carvalho.

Aponta ainda como suspeita a empresa Construção Barreto, SA, cujas instalações foram igualmente alvo de buscas e apreensão.

O actual presidente da Câmara Municipal da Praia, Francisco Carvalho, em declarações à imprensa na tarde de quinta-feira afirmou, por seu lado, que a sua gestão é focada na transparência e que não há roubo e corrupção no seu mandato.

MJB/ZS

Inforppress/fim

10-05-2024 13:58

Cidade da Praia, 10 Mai (Inforpress) - A Assembleia Nacional homenageou hoje o deputado nacional eleito pelas listas do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV-oposição) pelo círculo eleitoral do Maio, Edson Alves, falecido no passado dia 03 em Portugal, durante missão de serviço.

A cerimónia de homenagem com a presença de parlamentares, familiares, e demais entidades aconteceu no hall de entrada da Assembleia Nacional, e contou com mensagens de homenagens dos três partidos políticos, e do presidente do parlamento, tendo todos destacado a sua dedicação ao serviço da sua ilha natal e do país.

No seu discurso inicial, a tia do malogrado, Ana Rita, afirmou que Edson Alves foi uma inspiração para muitos deles, através da sua força, coragem e resiliência que demonstrava, argumentado que mesmo nos momentos mais difíceis soube encarar os desafios da vida, com dignidade e graça, tornando um exemplo de como superar as adversidades com bravura e determinação.

Por seu lado a deputada da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID-oposição), Dora Pires, recordou Edson Alves como um colega respeitoso, um amigo muito sincero nas suas amizades, pelo que afirmou que o seu partido sente muito a sua perda.

A deputada do Movimento para a Democracia (MpD-poder), Antonita Vieira, no seu discurso manifestou solidariedade do seu partido aos familiares e a todos desejando muito conforto por esta “partida precoce” do colega deputado.

Segundo disse, o mesmo deixou um “vazio incomensurável” a política cabo-verdiana e na vida daqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo e trabalhar ao seu lado, realçando que o mesmo dedicou a sua vida à causa pública e ao progresso da "amada" ilha do Maio.

O deputado João Baptista Pereira, do PAICV, por sua vez, lamentou o desaparecimento físico do colega que “deixou uma lacuna profunda não apenas na política, mas também nos corações daqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo e trabalhar ao seu lado”.

“Como líder da bancada do PAICV na Assembleia Municipal do Maio e posteriormente como deputado nacional ele defendeu fervorosamente os interesses da sua comunidade e todo Cabo Verde”, afirmou, para quem ainda a sua liderança “exemplar” e a sua capacidade de unir as pessoas em torno de objectivos comuns foram verdadeiras fontes de inspiração para todos.

No seu discurso de encerramento da cerimónia, o presidente da Assembleia Nacional, Austelino Correia definiu Edson Alves como uma “pessoa de fino trato e com uma postura exemplar” tendo servido com dignidade o parlamento.

“Defendia com convicção e firmeza as suas ideias, com serenidade, equilíbrio e respeito, sempre guiado pela ética e pelo decoro parlamentar, o que fez dele um verdadeiro exemplo de como num ambiente de divergências absolutamente natural a política pode e deve ser exercida com dignidade e eficiência”, concluiu.

O corpo de Edson Alves será levado, na tarde desta sexta-feira para a ilha do Maio, onde será dado à terra na cidade do Porto Inglês, no sábado, pelas 11:00, após mais uma cerimónia de homenagem nos Paços do Concelho e missa de corpo presente.

Edson Alves foi deputado nacional desde 19 de Maio de 2021, eleito pelas listas do PAICV pelo círculo eleitoral do Maio e morreu no dia 03 deste mês em Algarve, Portugal, por morte súbita.

O deputado tinha sido anunciado na última semana como candidato do PAICV a presidente da Câmara Municipal do Maio, nas eleições autárquicas que acontecem este ano.

ET/CP

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09-05-2024 20:49

Cidade da Praia, 09 Mai (Inforpress) - O primeiro-ministro e presidente do Movimento para a Democracia (MpD), Ulisses Correia e Silva, escusou-se a comentar a operação de busca e apreensão levada a cabo hoje na Câmara Municipal da Praia.

“Não faço comentário sobre esse assunto. É um trabalho da justiça, do Ministério Público. Depois, seguramente, eles darão qual é o posicionamento relativamente àquilo que é esta intervenção judicial”, disse Ulisses Correia e Silva, durante uma conversa com jornalistas num acto público na Tipografia Santos, na cidade da Praia, ao ser instado a falar sobre o assunto.

Confrontado com a reacção do presidente da Câmara Municipal, Francisco Carvalho, que considerou que esta operação está ligada à tentativa do MpD de perdurar no poder, Ulisses Correia e Silva disse que é preciso respeitar as instituições.

“Que eu saiba nem o MpD e nem o Governo intervêm sobre a justiça. É preciso ter atenção e respeitar as instituições. A justiça é independente e credível em Cabo Verde faz o seu trabalho”, acrescentou.

A Câmara Municipal da Praia está a ser investigada por crimes de falsificação de documentos públicos, recebimento indevido de vantagem, peculato, defraudação de interesses patrimoniais e abuso de poder.

Há dois processos, sendo um, em que o Ministério Público apresenta como suspeitos a secretária municipal, Joselina Soares Carvalho, a vereadora das Infra-estruturas da autarquia, Kyrha Hopffer Varela, o vereador da Cultura, Jorge Garcia, a coordenadora da Unidade de Gestão das Aquisições Públicas da Câmara, Maria Varela, técnico superior Gilson Correia, o presidente da câmara da Praia, Francisco Carvalho, e a empresa Construção Barreto, SA.

Um outro processo diz respeito à gestão camarária de 2016 a 2019, liderada por Óscar Santos e está relacionada com o concurso e a execução das obras de asfaltagem das vias e bairros da cidade da Praia, nomeadamente da via principal do Palmarejo, da zona do Ténis, no Platô, da zona do Liceu Domingos Ramos, a via de acesso ao Cemitério da Várzea e da via de Cidadela no Palmarejo Grande.

Na manhã de hoje as instalações da autarquia no Platô e na Fazenda foram alvo de buscas e apreensão de onde a polícia levou vários documentos. As buscas decorreram também no escritório da empresa Construção Barreto, SA, com sede em Achada Santo António.

O presidente da Câmara Municipal da Praia, Francisco Carvalho, afirmou por seu lado que a sua gestão é focada na transparência e que não há roubo e corrupção no seu mandato.

(RECTIFICA-SE, SUBSTITUINDO O BACKGROUND A PARTIR DO 5º PARÁGRAFO)

MJB/CP

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09-05-2024 19:21

Tarrafal, 09 Mai (Inforpress) - Os representantes de Portugal, Guiné-Bissau e Angola enalteceram o valor das actividades que estão a ser realizadas em torno das comemorações dos 50 anos da libertação dos presos políticos no Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde.

Este reconhecimento foi feito publicamente no acto da abertura do simpósio internacional “Memórias e Diálogos de Resistência em Tarrafal de Santiago”, que decorre hoje e sexta-feira, no Campo de Concentração, no município do Tarrafal.

Em representação ao embaixador de Portugal, Odete Sarra, destacou que além de todas as cerimónias já realizadas, que se iniciaram no passado dia 1 de Maio, este simpósio internacional dota esta programação de uma dimensão científica, académica e de conhecimento a estas comemorações.

Pois, segundo a mesma fonte, este é um início de diálogos que “fazem justiça ao dever da responsabilidade de memória, recordar e reiterar a importância do Campo de Concentração como símbolo de resistência contra o regime fascista e colonialista”.

Sublinhou ainda que é preciso sempre destacar “o papel fundamental” que este lugar desempenhou na luta pela liberdade e pelos direitos humanos em Portugal e também nas ex-colónias, evocando igualmente as lutas pela libertação e independência em si, também impulsionadoras do 25 de Abril. 

“Importa lembrar, recordar, estudar, investigar, afirmar, difundir que o Campo de Concentração, também conhecido como o Campo da Morte Lenta, foi um dos lugares mais sombrios da resistência, libertação e independência”, frisou, reforçando que no local “os seres humanos resistiam ao poder, à ditadura, enfrentando condições desumanas e injustiças”.

Nestas comemorações dos 50 anos da libertação dos últimos presos políticos deste campo, defendeu ser essencial que se perpetue o compromisso de honrar o legado dos que sofreram e lutaram neste lugar.

Odete Sarra falou ainda da participação activa de Portugal não só na participação das comemorações, mas também no envolvimento nas actividades, nomeadamente na instalação da exposição permanente, o acervo de títulos proibidos da biblioteca do campo, o auditório, o apoio à participação de uma artista portuguesa no festival da resistência, na participação dos investigadores portugueses neste Simpósio Internacional.

Igualmente, destacou neste quadro o financiamento concedido ao Projeto de Capacitação da Comunicação Social em Cabo Verde, sublinhando que “uma comunicação livre, independente e forte é a primeira defesa da liberdade de expressão, do pleno exercício da cidadania e de uma condição indispensável para a consolidação e salvaguarda das democracias e dos princípios que os regem”.

Por seu turno, o representante do embaixador da Guiné-Bissau, Ibraime Sanó, considerou este evento como sendo de resgate à memória e do exercício da reflexão, um momento de homenagem a centenas de cidadãos portugueses, angolanos, guineenses e cabo-verdianos que passaram anos encarcerados no Campo de Concentração do Tarrafal, conhecido como Campo da Morte Lenta.

“Encontramos também no Tarrafal a representação da memória histórica do nacionalismo dos africanos, nomeadamente angolanos, guineenses e cabo-verdianos, que lutaram pela libertação nacional dos seus povos contra o império colonial português”, mas também, sublinhou que representa algo que foi essencial para a luta dos povos, “a consciência da solidariedade estrutural do anti-fascismo e do anti-colonialismo contra a ditadura em Portugal e contra o império colonial”.

Neste campo, realçou que perderam a vida dois guineenses, que também foram sepultados no cemitério deste Campo de Trabalho, reforçando que nos acontecimentos de 1 de Maio de 1974, dia da libertação dos presos políticos, nenhum preso político guineense foi sepultado no Campo de Trabalho pois, os últimos 52 presos políticos guineenses, foram libertados em Julho de 1969, sete anos depois de terem sido internados neste Campo.

Este representante parabenizou o Governo de Cabo Verde pela iniciativa e responsabilidade de levar a candidatura do Campo de Concentração a Património Mundial, o que segundo o mesmo vai “preservar e honrar desta forma a memória daqueles que sobreviveram pelas nossas liberdades”, reiterando a determinação da Guiné-Bissau em fortalecer a cooperação e o envolvimento nesta jornada histórica para melhorar o peso histórico negativo do campo.

A representante da embaixadora de Angola, Júlia Machado, também reconheceu que estes actos são oportunidades para se render homenagem a todos aqueles que passaram pelo Campo de Concentração, nomeadamente, 340 portugueses no período de 1936 a 1956, 107 angolanos, já no período de 1961 a 1974 e nesta mesma época 100 guineenses e 20 cabo-verdianos, dos quais alguns morreram no local.

A comemoração dos 50 anos da libertação dos presos políticos, segundo a representante, deve ser vista como um momento de reflexão para se tirar lições desse passado histórico comum de Portugal, de Angola, de Cabo Verde e da Guiné-Bissau. 

“Esta homenagem a todos estes combatentes que passaram por aqui e que estiveram aqui presos por delito de opinião é uma oportunidade para nós dizermos, levantarmos todos nós a nossa voz para dizer Tarrafal, nunca mais”, disse, referindo-se ao Campo de Concentração.

Pois, considerou que este testemunho é um testemunho vivo e exemplar que deve ser ensinado às novas gerações, no sentido de que não só as gerações presentes, mas as gerações futuras, devem dar continuidade à luta pela liberdade, pela dignidade da pessoa humana, pela democracia e pelo primado da lei.

Sobre a apresentação da candidatura do Campo de Concentração a Património Mundial evidenciou que a Angola recebeu esta proposta de “bom grado” e que remeteu com toda a celeridade que o assunto exige aos órgãos centrais do Governo, a fim de se ter uma resposta, e se unir à Cabo Verde e os outros países nessa luta.

MC/CP

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09-05-2024 19:13
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