
Mindelo, 20 Set (Inforpress) - O secretário executivo regional do Sindicato Nacional dos Professores (Sindep) disse hoje à imprensa que os sindicatos vão agendar uma nova manifestação no início de Outubro e avisou que se o Governo radicalizar os docentes também vão radicalizar.
Nelson Cardoso, secretário regional do Sindicato Nacional dos Professores ( Sindep) falava à imprensa no arranque da manifestação dos professores que aconteceu hoje no Mindelo, a partir da Praça Dom Luís, e que teve como objectivo mostrar o descontentamento para com a “Imposição do Plano de Carreiras Funções e Remunerações (PCFR) por parte do Governo” e exigir cumprimento de outras reivindicações dos docentes.
“Vamos acertar uma nova manifestação e se o Governo insistir em radicalizar também radicalizamos. Então não haverá nota no final do ano e será preparada, desde agora, com todos os professores. Vamos pedir aos professores, se quiserem radicalizar terão todo o suporte sindical, todos os sindicatos estão juntos até esse dossiê fechar”, prometeu.
Segundo Nelson Cardoso, a publicação hoje da lista de subsídios por não redução da carga horária “mostra mais uma vez a forma baixa e pouco leal como que o ministro [ Amadeu Cruz ] e o Governo estão a lidar com os professores.
“É um compromisso para sair desde de Junho e a grande verdade é que se não tivéssemos anunciado lutas não a publicavam hoje. E mesmo publicanda a lista hoje significa que há três meses que estão a dever os professores dinheiro, para não falarmos de sete ou oito anos porque desde 2016 que não houve publicação da lista de subsídios”, declarou.
Para o sindicalista, se o ministro tivesse consciência ele não estaria a vangloriar-se com a publicação de uma lista que é um compromisso que ele tinha desde há muito tempo.
Sobre o PFCR Nelson Cardoso considerou que o ministro “continua a falar fiada”, porque um dos assuntos que levou os sindicatos a não assinar o acordo com o Governo no mês de Maio é precisamente porque os professores quando fazem mestrado e doutoramento são proibidos de fazer a carreira normal e de evoluir na vertical, contrariamente aos médicos e outras profissões.
Conforme a mesma fonte, na proposta que eles têm no PCFR, que não é tão clara, há uma tabela transitória, em que cada progressão que é chamada de evolução na horizontal traduz-se num ganho de dois mil escudos e isso processa-se através de acumulação de 300 créditos, mas ainda pendente a dotação orçamental.
Ou seja, esclareceu, não está claro que o professor tem de também evoluir na carreira e os professores não vão fazer mestrado ou doutoramento para ter uma melhoria de dois mil escudos.
Quanto às declarações do ministro de que deve haver um clima de paz e não de ameaças constantes, Nelson Cardoso disse que a própria sociedade está a constatar que os sindicatos estão a marcar a luta, vão para a mesa negocial e não estão a desgastar, suspendem a luta, mas a outra parte não cumpre.
Pelo que, analisou, quem tem sido desleal, quem tem provocado toda essa crispação é o próprio Ministério de Educação e o próprio Governo.
O secretário executivo regional do Sindep, em São Vicente, também negou que a greve dos professores tenha fraca adesão, tal como disse o ministro da Educação, e afirmou que a manifestação dará a resposta ao governante.
“Se ele fosse ministro dos professores, o convidariam para a manifestação mas como ele não é ministro dos professores se calhar é por isso que ele está a falar assim. E daqui a pouco ele terá a imagem, ele terá a conclusão de se houve ou não a adesão”, reagiu o sindicalista.
Para a mesma fonte “houve escolas que atingiram 100% de adesão e o ministro não devia vangloriar-se ainda que fosse 1%, porque há problemas que ele podia estar a resolver”.
CD/JMV
Inforpress/Fim
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