Mindelo, 28 Set (Inforpress) – Um grupo de nove homens acusa as autoridades de alegado despejo arbitrário da Residencial Sodade, no Mindelo, que servia de acolhimento provisório para desalojados devido à tempestade Erin, mas a Protecção Civil disse haver "alguma desinformação".
Lenine Sousa, de 37 anos e que serviu de porta-voz à Inforpress, contou que o acto aconteceu no passado sábado, 20, quando tinha estado doente por alguns dias e foi almoçar, mas não encontrou o seu nome na lista dos contemplados.
“Achei estranho, porque nunca tinha sido preciso confirmar nome na lista. Abordei o agente de Protecção Civil que estava de serviço, que disse que ia averiguar com o seu superior e depois daria uma resposta”, explicou.
Depois, prosseguiu, foi descansar já que ainda se sentia um pouco fraco. Acabou por ser acordado pelo pessoal da Protecção Civil, acompanhado pela Polícia Nacional, e com um pedido para deixar o quarto imediatamente.
Lenine Sousa disse que o mesmo aconteceu com mais outros oito colegas, todos homens, que estavam na mesma situação.
“O pior é que foi feito sem que tivéssemos qualquer justificativa do porquê que tinha de ser assim”, disse o jovem, que terminou no local de acolhimento, depois das chuvas terem destruído a casa que morava de renda, junto com a filha de 05 anos.
O jovem confirmou que até agora tem procurado por respostas, inclusive no Serviço Social da Câmara Municipal de São Vicente.
“Lá disseram que não tinha certeza se futuramente poderei ter uma casa como as outras pessoas, mas pediram-me para ver uma casa de aluguer e que pagariam a renda por três meses, mas até agora não consegui encontrar nenhuma”, relatou.
Confrontado pela Inforpress com tal situação, o presidente do Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros (SNPCB), Domingos Tavares, acredita que “só poderá ter havido alguma desinformação”.
Isto porque, segundo a mesma fonte, dias antes a instituição que dirige, juntamente com a câmara municipal, reuniu-se com esses jovens e os explicaram que tinham prazo limite para entrega dos quartos da residencial e, por isso, teriam de ver onde ficar.
Domingos Tavares afiançou que alguns optaram por ficar em casas arrendadas, mas com a continuação de ajuda das autoridades, que vão pagar as mensalidades durante três meses, fornecer cestas básicas e ainda providenciar algum mobiliário.
O presidente do SNPCB acrescentou ainda que tais medidas estão a ser tomadas porque as casas destinadas a acolher os desalojados, por exemplo no Aldeamento Rozar, ainda não estão todas prontas.
Devido também a estas razões, o serviço tem também algumas pessoas alojadas em apartamentos, embora, conforme a mesma fonte, as autoridades enfrentam dificuldades em encontrar casas para alugar na ilha de São Vicente.
Contudo, Domingos Tavares garantiu que “em momento nenhum” abandonaram as pessoas, que podem recorrer ao serviço social da câmara municipal e serem orientadas sobre o que fazer.
A tempestade Erin, ocorrida na madrugada do dia 11 de Agosto, inundou bairros, destruiu estradas e estabelecimentos comerciais, afectou o abastecimento de energia e água e provocou nove mortos, havendo ainda duas pessoas desaparecidas e vários desalojados.
Na sequência, o Governo decretou situação de calamidade por seis meses em São Vicente, Porto Novo (Santo Antão) e nos concelhos de São Nicolau, outros dos pontos do país afectados.
Foi aprovado um plano de resposta com apoios de emergência às famílias e actividades económicas, incluindo linhas de crédito bonificadas e verbas a fundo perdido, financiadas pelo Fundo Nacional de Emergência e pelo Fundo Soberano de Emergência, criado em 2019.
LN/ZS
Inforpress/Fim
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