Assomada, 23 Out (Inforpress) – Os pescadores do porto de Rincão afirmaram hoje que a emigração está a deixar marcas profundas na comunidade, com cada vez menos homens do mar e mais botes encostados à praia, sem ninguém para os operar.
Actualmente, estima-se que cerca de 50 botes estejam fora de actividade, um número que espelha o impacto directo da saída de trabalhadores para o estrangeiro.
A redução da mão-de-obra tem provocado uma quebra na produção e comprometido o rendimento das famílias que dependem da pesca.
Euclides da Silva, pescador há mais de dez anos, considerou, em entrevista à Inforpress, que o cenário é “preocupante”.
“Antes o porto estava cheio de vida, agora há cada vez menos gente no mar”, lamentou, recordando que muitos colegas emigraram e deixaram as suas embarcações encostadas.
Além da escassez de trabalhadores, persistem dificuldades estruturais antigas, como a ausência de uma máquina de gelo, que, segundo os pescadores, foi prometida há muitos anos, e a máquina de arrastar botes, cuja instalação ficou inacabada.
Sem gelo, os pescadores são obrigados a vender o peixe a preços mais baixos para evitar perdas.
Apesar das limitações, os trabalhadores reconhecem os apoios já recebidos, como a colocação de fibras nos botes e a distribuição de motores novos.
No entanto, Zeonildo Santos, pescador daquela localidade há mais de 15 anos, sublinhou, no entanto, que “essas ajudas são importantes”, mas que é preciso também um lugar onde possam guardar o pescado.
Com o mar cada vez mais vazio e o porto mais silencioso, os pescadores de Rincão esperam que as autoridades encontrem soluções que devolvam vitalidade à pesca e incentivem os jovens a retomar a actividade que continua a ser parte essencial da identidade local.
DV/ZS
Inforpress/Fim
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