Estas preocupações foram manifestadas a propósito do Dia Internacional da Família, celebrado a 15 de Maio, uma data que, segundo estes especialistas, abordados pela Inforpress, convida a reflectir sobre a importância das famílias na vida das pessoas e na sociedade.
O Dia Internacional da Família, instituído pelas Nações Unidas, oferece uma oportunidade para promover a conscientização sobre questões relativas às famílias, aumentar o conhecimento dos processos sociais, económicos e demográficos que afectam as famílias e divulgar a importância da família na sociedade.
Quando se pensa em família apontam-se várias concepções e tipologias, uma vez que, nos dias de hoje, umas são constituídas por um casal, outras por pais e filhos, outras apenas por uma mãe/pai e uma criança e outras pela presença dos avós.
Entretanto, qualquer que seja a visão de família, admitindo que educar não é uma tarefa fácil, mormente nos dias de hoje, a psicóloga Rosa Sena, trabalhando numa escola onde o papel da família, conforme sublinhou, “é fundamental”, tem andado um “pouco preocupada” com o papel que a família tem desempenhado ou não tem desempenhado.
“A família é o primeiro lugar onde a criança começa a socializar-se, cria a sua identidade e começa a ter os primeiros valores morais e princípios. De acordo com os comportamentos que temos assistido dentro e fora da escola, isso tem suscitado alguma preocupação porque, ao que parece, os pais, a família em si, têm descurado do seu papel de formar, cuidar, orientar, prover e ser um modelo”, exteriorizou.
Nesta base, considerando que a sociedade cabo-verdiana é o reflexo das famílias que tem, a mesma fonte entende que se está a ter “uma ilusão” que essa nova geração é mais desenvolvida ou desenvolta porque não tem “papas na língua” e acesso a muitas informações.
“Independentemente do formato da família, é a família que constitui a sociedade, cujo comportamento das pessoas de qualquer tipo de família acaba por reflectir na sociedade. Os desafios são muitos, e deparamos com uma nova geração, com outra forma de estar, de pensar e ficamos com uma sensação de que é uma geração brilhante, cheia de ferramentas”, exteriorizou.
“Não podemos confundir autonomia, independência com permissividade, negligência ou extremismo. O desafio é grande. Antigamente, um pai tinha auxílio de familiares, vizinhos e professores na educação dos filhos. Hoje em dia é mais difícil, porque essas autoridades já não são vistas como autoridade ou como referência. Hoje, os adolescentes desafiam o professor, o vizinho e os próprios pais”, lamentou.
Seguindo pelo mesmo “diapasão”, uma professora do ensino secundário que, entretanto, não quis ser identificada, pede também aos pais e encarregados de educação a terem mais cuidado com os filhos, aonde vão, com quem andam, ao uso da internet, a conversar com os filhos e a estarem atentos aos seus comportamentos.
“A família é o primeiro espaço de aprendizado e socialização. Na verdade, apesar do seu papel vital, as famílias cabo-verdianas, mas a nível mundial, enfrentam diversos problemas e desafios. Há que fortalecer os laços familiares e promover um ambiente saudável para o desenvolvimento das crianças e adolescentes. Julgo que a educação dos pais está a falhar”, examinou, advertindo que educar ou preocupar-se com os filhos não é só dar de comer, vestir ou pôr na escola.
Atendendo que as famílias são fundamentais para a formação da identidade e dos valores dos indivíduos, conforme orientações das Nações Unidas, o Dia Internacional da Família deverá servir como um lembrete da necessidade de políticas públicas que apoiem as famílias nas suas diversas configurações.
SC/HF
Inforpress/Fim
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