
Cidade da Praia, 07 Out (Inforpress) – O presidente do Instituto de Segurança e Saúde Ocupacional (ISSO) realçou hoje que é “essencial” que o Governo defina estratégias para reforçar a dignidade do trabalho para evitar a fuga de mão-de-obra jovem para outros países.
João de Carvalho, que fez esta afirmação em entrevista à Inforpress, a propósito do Dia Mundial do Trabalho Digno, que se assinala hoje, sublinhou que nesta data importante é preciso que todos reflictam que essa fuga de mão-de-obra poderá pôr em causa a “sustentabilidade da protecção social” no decorrer dos anos.
Para o presidente do ISSO é necessário, neste caso, que as autoridades repensem a política do emprego, de forma a que se possa ter trabalhos dignos para reter os jovens no país.
Destacou que a implementação do trabalho digno de uma certa forma, é um papel que deve ter a contribuição e participação de todos, inclusive, o Governo que tem o seu papel “importante e crucial” na criação de políticas públicas que promovam o trabalho digno que passa pelo fortalecimento da legislação social.
Para promover o trabalho digno observou que é "fundamental" que haja um diálogo constante com os sindicatos e as organizações da sociedade civil que representam os interesses dos trabalhadores.
“Os sindicatos têm um papel importante na edificação dos pilares do trabalho digno em Cabo Verde, ou seja, é necessário que o Governo, os sindicatos e toda a sociedade civil, se sentem à mesa para reflectir sobre a importância de promover um trabalho cada vez mais digno”, disse.
E este trabalho digno baseiam-se essencialmente nos pilares básicos, como salário justo, condições de trabalho seguras, uma maior protecção e diálogo social e, ainda, um trabalho com direitos partilhados.
Considerou, que a criação desta data é "primordial" para lembrar que é preciso garantir a todos os cidadãos empregos com qualidade, com protecção social e direitos laborais devidamente respeitados.
Em Cabo Verde, informou, este sector enfrenta vários desafios, entre os quais, o desemprego jovem, a falta de oportunidades de emprego e qualidade que, muitas vezes, leva os trabalhadores a aceitarem condições laborais precárias, principalmente no sector da construção civil, onde os direitos básicos praticamente não são garantidos.
Com isso, sublinhou que esses trabalhadores se sentem obrigados a sair para o exterior à procura de melhores condições de trabalho.
Apontou ainda, o trabalho informal, uma realidade bastante presente no mercado de trabalho cabo-verdiano, como um outro desafio, que dificulta o acesso a benefícios trabalhistas e a segurança social de muitos trabalhadores.
Por outro lado, João Carvalho afirmou que este ano a comemoração da data ficou um "pouco manchada" no país com os sucessivos acidentes de trabalho que têm vindo a acontecer, vitimando chefes de famílias.
“Isto leva-nos a reflectir sobre a necessidade de se promover um trabalho que se quer cada vez mais seguro, saudável e digno no arquipélago”, sustentou.
Neste particular, assegurou que a Inspecção-geral do Trabalho deve ser “mais robusta e eficiente” e ainda deve estar mais no terreno para fiscalizar, para fazer cumprir as normas do trabalho, principalmente, sobre as medidas que garantam a segurança e a saúde dos trabalhadores nos locais do trabalho.
Neste dia Mundial do Trabalho Digno realçou que é “fundamental” que as pessoas comecem a exigir melhores condições de trabalho que devem ser "mais dignas e justas" porque, segundo João Carvalho, cada pessoa merece um emprego que não apenas garanta a sua sobrevivência, mas que também promova o seu bem-estar e desenvolvimento.
O Dia Mundial do Trabalho Digno é comemorado anualmente em diversos países, com o objectivo de sensibilizar a sociedade para a importância de assegurar condições laborais que respeitem a dignidade humana, promovam a saúde e a segurança no trabalho e garantam o bem-estar de todos os trabalhadores.
DG/HF
Inforpress/Fim
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