Presidente do CCS diz que graduação de Cabo Verde coloca o país sobre uma “pressão boa e não negativa”

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Presidente do CCS diz que graduação de Cabo Verde coloca o país sobre uma “pressão boa e não negativa”
27/06/25 - 01:16 pm

Cidade da Praia, 27 Jun (Inforpress) – O presidente da CCS disse hoje que a transição de Cabo Verde de país de rendimento médio para médio alto em 2026 traduz-se em ganhos que coloca o país sobre uma “pressão boa e não negativa”.

Marcos Rodrigues que falava à Inforpress reagindo sobre a notícia da elevação de Cabo Verde a país de rendimento médio alto, pelo Banco Mundial, afirmou que esta transição será “uma pressão boa” que ajudará o Governo a acelerar o seu “caminho de desenvolvimento”.

“Esta graduação é feita com base no rendimento nacional bruto (RNB) per capita, calculado pelo Banco Mundial, e esta mudança reflecte o progresso económico do país, mas não significa que todos os problemas estruturais estão resolvidos”, observou o presidente da Câmara de Comércio de Sotavento (CCS), sublinhando que essa elevação vai ter implicações políticas, bem como o reforço da imagem internacional de Cabo Verde no que concerne à governação estável, ao progresso social e económico.

Esta transição, disse Marcos Rodrigues, vai ter implicações no peso político em foruns internacionais, o que considera importante chamando a atenção pelo sinal que vai ter na questão da redução do acesso à ajuda internacional, visto que os bancos multilaterais, os fundos internacionais e países doadores vão considerar a graduação como um critério para reduzir ou eliminar apoios concessionários legislativos.

Alertou ainda que nestas condições o país pode perder o acesso a financiamentos com condições preferenciais, com juros baixos e prazos longos, sustentando, contudo, que com uma monitorização seguido pelo Banco Mundial e outras organizações, nesta caminhada, tudo pode ser possível.

“É óbvio que haverá necessidade de reformas políticas. O Estado de Cabo Verde será mais pressionado a implementar reformas estruturais, haverá mais exigência de maior eficiência na despesa pública e melhor gestão dos recursos do Estado”, disse, apontando as implicações económicas no que concerne ao acesso a novos tipos de financiamentos em condições mais vantajosas com mercados financeiros internacionais, mas com exigências mais duras de transparência e sustentabilidade da dívida.

Segundo o presidente da CCS, a graduação vai incentivar a diversificação da economia, o turismo sustentável, a energia renovável, a economia azul e as tecnologias.

Além do incentivo, acrescentou que o país vai passar por um aumento da responsabilidade fiscal, sendo que o Estado vai ter de depender menos de doações e mais de receitas próprias.

Para isso, sublinhou, o Estado terá de melhorar a arrecadação fiscal e redução de subsídios improdutivos, a dívida pública terá de ser mais bem gerida e haverá o risco do aumento das desigualdades que têm de ser mitigadas, pois, apesar da média do RNB ter subido, muitas comunidades vão continuar em situação de pobreza e vulnerabilidade.

Apesar disso, realça que a transição tem também impactos no desenvolvimento interessante, com estímulos a novos modelos de negócios, empreendedorismo e transformação digital, economia de conhecimento, competitividade internacional, assim como a valorização do capital humano.

O foco para que tudo isso aconteça, segundo disse, terá de estar na educação de qualidade, formação profissional, saúde preventiva e protecção social eficiente.

“Isto tem várias equações importantes e que nós podemos tomar como uma pressão sobre os serviços políticos, pois o crescimento económico cria maior exigência por serviços de qualidade, como a questão dos transportes, da água, da energia e da justiça.

A questão da gestão urbana e ambiental, conforme frisou, vai também precisar de acompanhar o novo estatuto já que a exigência neste sector é maior.

Os municípios, de acordo com Marcos Rodrigues, terão muito a fazer e muito que resolver na questão da gestão urbana e ambiental.

O presidente da CCS acredita que com esta graduação Cabo Verde vai estar mais forte para ir buscar dinheiro a outras instituições e outros modelos de financiamento, assim como o acréscimo da garantia que o país possa dar aos investidores internacionais.

“Isto é muito bom porque dá segurança aos investidores, às organizações internacionais que cooperam connosco a outros níveis. Há aqui ganhos substanciais que, obviamente, colocam a pressão sobre Cabo Verde, mas é uma pressão boa”, disse, prevendo um caminho que pode acrescentar um valor substancial.

Questionado sobre as incertezas já que o mundo vive uma situação económica frágil provocada pelas guerras, Marcos Rodrigues assegura que quando há incertezas no mercado internacional, há uma movimentação natural dos investidores que tendem a procurar os países mais sábios, os que oferecem condições de maior estabilidade económica, financeira e política e que a democracia seja sempre a ancoragem principal desses países.

A transição de Cabo Verde de país de rendimento médio para médio alto foi anunciada esta quarta-feira, 25, pelo primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva que sublinhou que “este marco reflecte o crescimento sólido da nossa economia”, que registou “um aumento de 7,3% em 2024 e uma inflação controlada de ‘apenas’ 1,7%”.

PC/HF

Inforpress/Fim

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