Presidente da associação Acarinhar sonha com Centro de Dia para acolher crianças com paralisia cerebral (c/áudio)

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Presidente da associação Acarinhar sonha com Centro de Dia para acolher crianças com paralisia cerebral (c/áudio)
10/09/25 - 03:27 pm

Cidade da Praia, 10 Set (Inforpress) - A presidente da Associação das Famílias e Amigos de Crianças com Paralisia Cerebral (Acarinhar), Teresa Mascarenhas, sonha com a edificação de um centro de dia para acolher crianças com paralisia cerebral e permitir-lhes melhores condições de vida.

Em entrevista à Inforpress, a presidente da Acarinhar, a primeira instituição no país dedicada à melhoria das condições de vida de crianças com paralisia cerebral, declarou que decidiu abraçar esta causa por toda a vida.

Neste momento, a Acarinhar tem uma base de dados de 220 crianças, mas trabalha com pequenos grupos, também com visitas domiciliares e actividades pontuais com diferentes grupos.

Segundo a mesma fonte, o projecto, “sem muitos recursos e com muitas demandas”, confronta, às vezes, situações “muito difíceis”, devido a ausência de algumas respostas e de políticas viradas para a promoção da igualdade e inclusão das pessoas com deficiência no país.

"É muito difícil. Por um lado, não estou no lugar de destaque. Isto é, não sou eu a traçar políticas para oferecer cuidado da pessoa com paralisia cerebral, ao longo do ciclo de vida. As pessoas com paralisia cerebral precisam de mais reconhecimento e ampliação das políticas públicas em seu apoio”, considerou.

A título de exemplo, conta a história de uma criança de oito anos que não andava nem falava, fez de tudo para “salvar-lhe a vida", que até “parece milagre”, fazendo “uma actuação robusta, envolvendo parceiros e juntos conseguiram libertá-la”.

“Sozinha era totalmente impossível. E hoje vejo esta criança, agora jovem, a andar, a falar, a ir para a escola (…) é gratificante. Então vale a pena fazer investimentos nessa camada”, acrescentou, admitindo que é desgastante trabalhar este grupo alvo complexo, em que “a demanda é grande e os recursos cada vez mais escassos”.

“Assumi um compromisso, e, enquanto tiver forças e voz para fazer as coisas acontecerem para o bem deste grupo vulnerável, continuarei a empregar toda a minha energia nesse sentido, estando ou não à frente da associação”, disse.

A edificação de um Centro de Dia para acolher as pessoas com paralisia cerebral “é um sonho acalentado, não impossível de realizar”, mas, segundo Teresa Mascarenhas, ultrapassa as suas forças, pelo que pôr em prática “é quase uma utopia”.

Fala de um centro “com todas as condições possíveis e imaginárias”, com equipamentos apropriados, cadeiras e materiais tecnológicos adaptados, para poderem expressar, especialistas de várias áreas, viatura adaptada, ter artistas plásticos, profissionais na área da dança, música e terapias aquáticas, entre outras condições.

Porque, explicou, uma criança, um indivíduo com paralisia cerebral apresenta várias deficiências associadas à alteração neurológica que pode comprometer o controlo dos movimentos, a postura e a coordenação, além de também poder afectar a fala e a mastigação e, em alguns casos, estar associada à deficiência intelectual.

“Criar todo um ambiente necessário para que estas crianças tenham uma vida mais feliz. Ter de tudo um pouco. É um sonho que eu sei que é impossível de concretizar, infelizmente, porque envolve muito, muito dinheiro e não tenho recursos próprios”, lamentou.

SC/AA

Inforpress/Fim

 

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