Portugal: ISCTE comemora 50 anos do 25 de Abril com debate sobre Campo de Concentração do Tarrafal

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Portugal: ISCTE comemora 50 anos do 25 de Abril com debate sobre Campo de Concentração do Tarrafal
13/05/24 - 08:57 pm

Lisboa, 13 Mai (Inforpress) – O ISCTE tem a decorrer, entre Março e Junho, um conjunto de iniciativas para assinalar os 50 anos do 25 de Abril e hoje promoveu um debate sobre o Campo de Concentração do Tarrafal.

O debate aconteceu na sequência da exibição do documentário “Memórias do campo da morte lenta”, da jornalista Diana Andringa, e contou com a participação da investigadora Ana Mouta Faria, com o ex-conselheiro da Revolução José Miguel Judas e com a autora da tese “Os militares portugueses e a descolonização de Cabo Verde”, Sandra Cunha Pires.

Todos os participantes no debate entenderam que o documentário com a duração de quase uma hora e meia, destaca dois momentos do Campo de Concentração do Tarrafal, ou seja, o primeiro com a sua abertura em 1936, com os presos portugueses, depois o segundo, com os presos políticos das colónias portuguesas a partir dos anos de 1960.

O documentário traz entrevistas com os presos angolanos, guineenses e cabo-verdianos, tentando “reconstruir” o quotidiano do Campo de Concentração do Tarrafal, mostrando a “dureza” da vida das pessoas que estiveram presas durante vários anos, culminando com a “alegria da liberdade”, apesar de tudo pelo que passaram.

Na sua intervenção, Ana Mouta Faria lembrou que havia 4.269 presos políticos na altura da revolução de 25 de Abril de 1974, sendo que, das colónias africanas eram 588, em diferentes locais, como em Portugal, Angola e Cabo Verde, incluindo 26 cabo-verdianos.

“A revolução do 25 de Abril de 1974 trouxe os dois primeiros impactos imediatos: a libertação dos presos políticos, incluindo no Tarrafal, a 01 de Maio de 1974, e o desmantelamento da PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado), criada em 1945”, disse a investigadora Ana Mouta Faria.

Por sua vez, Sandra Cunha Pires acrescentou que de 1961 a 1971, havia 73 presos políticos em diferentes locais, incluindo no Campo de Concentração do Tarrafal.

“No 25 de Abril de 1974, havia 26 presos políticos cabo-verdianos, sendo que 14 estavam no Tarrafal e 12 em Angola”, indicou.

A conversa foi moderada pela professora Luísa Tiago de Oliveira, docente e investigadora do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), momento que foi encerrado com poemas declamadas pelo grupo Voz de Terra, com os elementos Regina Correia e Teresa Noronha, e interpretação de Mornas pela voz de Nanny Lima, acompanhada de Heloísa Monteiro e António Lima.

Entre outras iniciativas dessa instituição do ensino superior, no dia 01 de Abril foi inaugurada a exposição itinerante da Sociedade Portuguesa de Autores que está patente na Biblioteca do ISCTE até 31 de Maio, sobre a “Guerra Colonial: Tarrafal 50 anos depois”, que mostra uma retrospectiva dos 50 anos do início da guerra colonial e da reabertura do Campo de Concentração do Tarrafal, composta por 29 painéis.

A representar Cabo Verde no evento, estiveram a ministra plenipotenciária Ana Reis e a gestora do Centro Cultural Cabo Verde (CCCV), Ângela Barbosa.

DR/HF

Inforpress/Fim

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