Osvaldo Lopes da Silva diz que dia do Desastre de Assistência devia merecer uma atenção especial (c/áudio)

Inicio | Política
Osvaldo Lopes da Silva diz que dia do Desastre de Assistência devia merecer uma atenção especial (c/áudio)
04/07/25 - 02:56 pm

Cidade da Praia, 04 Jul (Inforpress) – O antigo governante Osvaldo Lopes da Silva defende que o 20 de Fevereiro de 1949, dia do Desastre de Assistência, devia merecer uma atenção especial, porque nessa data morreram centenas de pessoas que aguardavam por uma única refeição quente.

O combatente da liberdade da Pátria concorda que esta data deveria ser assinalada com actos oficiais na Assembleia Nacional, como forma de se recordar deste “momento trágico” para o País.

Foi a 20 de Fevereiro de 1949 que esta tragédia bateu sobre a capital cabo-verdiana, mais concretamente na localidade da Várzea da Companhia, onde foi construído um barracão para servir refeições quentes aos indigentes que o procuravam para matar a fome.

Para Osvaldo Lopes da Silva, o Desastre de Assistência marca o ponto alto das desgraças de Cabo Verde.

“Foi um momento que abalou toda a nação cabo-verdiana, aqui e na diáspora”, afirmou Lopes da Silva, acrescentando que “ao que parece, o próprio Departamento do Estado americano exigiu responsabilidades ao governo português por influência da nossa imigração”.

Para valorizar o caminho percorrido, defende, tem que se ter ideia do que foi o ponto de partida.

“O ponto de partida era de fome. E se nos anos depois do Desastre de Assistência, nos anos 60, 70 foram anos de seca, mesmo assim não houve mortos”, indicou o combatente.

Segundo ele, não se registaram mortes porque o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) já estava constituído e denunciou a fome no arquipélago junto da ONU da Organização da União Africana e nas chancelarias europeias.

“Estas denúncias é que protegeram o povo de Cabo Verde de mais uma hecatombe nos anos 60 e 70”, indicou Osvaldo Lopes da Silva, para quem, se depois de 75, apesar das secas cíclicas, ninguém morreu de fome, “significa que houve uma incúria do governo colonial”, em relação ao arquipélago.

“O problema era da ordem, digamos, política. Cabo Verde tinha sua soberania presa por um poder que não se interessava por ele”, concluiu.

Na sua perspectiva, as autoridades coloniais não tinham qualquer interesse em relação a Cabo Verde.

“Se uma situação dessas ocorresse no Alentejo, o governo português teria reagido para evitar que houvesse fome. Há anos de seca no Alentejo”, pontuou Lopes da Silva.

Durante as fomes, milhares de cabo-verdianos nunca souberam onde é que os seus entes queridos foram enterrados. Muitos corpos apodreceram nas achadas, nos covões e nas furnas à beira mar.

LC/ZS

Inforpress/Fim

Partilhar