Naufrágio/Nhô Padre Benjamim: Biosfera apela à população a evitar consumir espécies mortas pelo combustível do navio

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Naufrágio/Nhô Padre Benjamim: Biosfera apela à população a evitar consumir espécies mortas pelo combustível do navio
18/04/25 - 02:48 pm

Mindelo, 18 Abr (Inforpress) - O presidente da Associação ambiental Biosfera apelou hoje à população a evitar consumir espécies mortas pelo combustível derramado no navio Nhô Padre Benjamim que se afundou ao largo da baía da Preguiça, na ilha de São Nicolau.

Em declarações à Inforpress, Tommy Melo disse que, de acordo com as informações recebidas pela Biosfera, o barco desceu numa zona de muita profundidade, de mais de mil metros, pelo que as autoridades não podem fazer nada em termos de salvaguarda do ambiente marinho nesse local.

Para o ambientalista, provavelmente o combustível já está a vazar porque a profundidade gera uma compressão que estoura os tanques de combustível do navio.  Pelo que agora, é preciso alertar a população daquela zona para ficar atenta.

“Se eles começarem a ver animais marinhos, em maior quantidade, a darem-se mortos à costa, eles têm que avisar as autoridades para ver se essas mortes foram causadas pela toxicidade daquele combustível”, apelou.

Segundo Tommy Melo, este apelo da Biosfera não é um alarme à população, mas sim uma hipótese. Mas, salientou, é preciso que a população evite ingerir marisco daquela zona e tome cuidado em capturar espécies de peixes nessa área para não pôr em risco a saúde pública.

“Pode ser que as correntes marinhas levem aquele combustível para longe. Mas era bom que as autoridades fizessem um apelo à comunidade daquela zona a ficar atenta. Tem que ser a própria autoridade marítima a criar um protocolo, digamos assim, para avaliação de possíveis impactos na zona costeira e no marisco”, reforçou a mesma fonte, para quem se houver espécies mortas elas devem ser recolhidas e levadas para algum lugar para realização de testes.

O navio a motor Nhô Padre Benjamim afundou-se na segunda-feira por volta das 17:15, na baía da Preguiça, em São Nicolau, tendo os 19 tripulantes  e um passageiro sido resgatados no alto mar pelos pescadores locais (Preguiça). O grupo foi alojado no pavilhão desportivo da Maiamona, na Ribeira Brava e depois transportado para a cidade do Tarrafal, sendo que foram ouvidos pelas autoridades marítimas.

De acordo com informações recolhidas pela Inforpress, o navio fazia a ligação Sal/ São Nicolau transportando britas e maquinaria de entre outros materiais para as obras que decorrem no aeródromo da Preguiça e da estrada que liga Juncalinho a Carriçal.

O capitão Salazar Fonseca apontou a entrada de água pelo “car deck” do navio como a possível causa do seu afundamento.

“Nhô Padre Benjamim” era um navio com cabotagem de 90X18 metros, com capacidade para 319 contentores, para além de um calado baixo para facilitar as operações de carga e descarga.

O navio, de fabrico alemão, foi adquirido em 2015 com 35 anos pela empresa Lusolines, pertencente ao grupo Agrícola Ilha Verde.

O presidente do Instituto de Prevenção e Investigação de Acidentes Aeronáuticos e Marítimos (IPIAAM), Jorge Rodrigues, informou que está a preparar uma missão à ilha de São Nicolau para o início dos trabalhos de investigação do naufrágio do navio Nhô Padre Benjamim.

CD/ZS

Inforpress/Fim

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