Cidade da Praia, 18 Mar (Inforpress) – O ministro da Cultura e das Indústrias Criativas declarou hoje, na cidade da Praia, que celebrar os 50 anos do 25 de Abril e do encerramento do Campo de Concentração do Tarrafal com Portugal é "prova de maturidade".
Cabo Verde, Portugal, Guiné-Bissau e Angola celebram juntos os 50 anos do 25 de Abril e do encerramento do Campo de Concentração do Tarrafal com um conjunto de actividades que incluem a montagem de uma biblioteca e auditório. O programa foi apresentado em conferência de imprensa pela presidente do Instituto do Património Cultural (IPC), Ana Samira Bessa.
Na ocasião, o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, quando instado se esta celebração conjunta representa uma reconciliação com o país colonizador e o país colonizado, retorquiu se tratar de uma prova de maturidade.
“Estarmos aqui nesta mesa é a prova de maturidade para reconhecermos que o passado comum que nos une, independentemente das interpretações e dos factos, faz-nos hoje sentar à volta de uma data simbólica para criarmos um novo legado”, disse o governante
O campo de concentração, prosseguiu, é simbólico porque todos sofreram “quase na mesma medida”, sob as mesmas regras, impedindo, de um lado, a total expressão de um povo e, do outro lado, das ex-colônias, a expressão máxima da liberdade e identidade.
“É por isso que essas celebrações se fazem também, como Cabral afirmou, através da nossa cultura. O modo como iremos celebrar não só os livros proibidos, mas também os actos proibidos em Cabo Verde, como o Batuku, a Tabanca, o Funaná, o crioulo da língua cabo-verdiana, são expressões suficientemente fortes para não tocarmos nas feridas", vincou.
Desde o primeiro momento, enfatizou o ministro, a cooperação entre Cabo Verde e Portugal tem sido de “absoluta excelência”. Portanto, este momento ilustra o padrão de excelência da cooperação entre os dois países.
Para Abraão Vicente celebrar conjuntamente os 50 anos do encerramento do Campo de Concentração do Tarrafal com Guiné-Bissau, Angola e Portugal é porque o Campo de Concentração de Tarrafal não é, e nunca será, um património só de Cabo Verde.
Por seu lado, o embaixador de Portugal em Cabo verde, Paulo Lourenço, avançou que é fácil entender o porquê desta celebração conjunta, pois, se para países como Angola, Cabo Verde e Guiné-Bissau o 25 de Abril foi o fim do período colonial para Portugal foi a libertação da ditadura e alvor da democracia.
“Concordo com o senhor ministro que devemos sempre ter a ambição de melhorar o nosso relacionamento, mas a verdade é que Cabo Verde e Portugal desfrutam hoje de uma parceria estratégica em todos os níveis, o que ajuda a explicar essa cumplicidade”, vincou.
Para Paulo Lourenço, esta celebração conjunta é o maior sinal de maturidade, é uma prova cabal da enorme maturidade que existe hoje entre Portugal, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Angola.
O embaixador da Guiné-Bissau em Cabo Verde, Ibraima Sano, avançou que celebrar esta data de libertação dos presos políticos do campo de concentração do Tarrafal é prestar uma justa homenagem aos 'presos irmãos' que sofreram muito pela firmeza das suas convicções e total dedicação, para que hoje os colonizados possam desfrutar de liberdade.
“A Guiné-Bissau esteve por volta dos 100 presos mais tarde, alguns foram repatriados para a Guiné, há sete vivos e, neste momento, estamos a trabalhar para trazê-los para darem os seus testemunhos”, enfatizou.
TC/HF
Inforpress/Fim
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