Espargos, 30 Jun (Inforpress) – Cabo Verde prepara-se para celebrar os seus 50 anos de independência e a nação mobiliza-se para assinalar meio século de liberdade e soberania, um período marcado por desafios e conquistas que moldaram o arquipélago.
As instituições da República têm lançado um apelo à participação massiva de todos os cabo-verdianos e vem incentivando a promoção de actividades que reflictam a jornada do país como uma nação livre.
Neste espírito de união, a Agência de Comunicação Cabo Verde História e Estórias, sediada em Portugal, e a WEB TV – SAB TV, de Mindelo, São Vicente, através do seu promotor, o jornalista e investigador, Ildo Rocha Ramos Fortes, unem esforços num documentário intitulado “Cabo Verde 50 anos: O tempo de Reencontros”.
A iniciativa, conforme o agente de divulgação dessa parte da memória colectiva, Ildo Rocha Ramos Fortes, visa, não só, evocar os acontecimentos que levaram à Independência, mas também registar para memória futura as movimentações e os dilemas vividos pelos cabo-verdianos no país e na diáspora.
O documentário parte da ilha do Sal, que na altura da independência acolhia o único aeroporto internacional do país.
A escolha é simbólica, contrastando com a realidade actual de Cabo Verde, que hoje conta com quatro aeroportos internacionais “um sinal do seu desenvolvimento e abertura ao mundo”.
“Cabo Verde 50 anos: O tempo de Reencontros” aborda ainda as complexas ramificações da colonização e da guerra colonial.
“Muitos jovens cabo-verdianos foram mobilizados para lutar nas colónias portuguesas em África – Guiné-Bissau, Angola e Moçambique –, numa situação paradoxal de combate contra os seus próprios conterrâneos”, sublinhou.
O documentário mergulha nas histórias de três grupos distintos que moldaram o pós-independência, ou seja, os que voltaram, após a revolução de 25 de Abril de 1974, em Portugal, e a Independência de Cabo Verde, em 1975.
Muitos jovens, incluindo estudantes que abandonaram os estudos superiores para participar na luta armada, regressaram.
Estes homens e mulheres foram “essenciais na reconstrução do país”, contribuindo em áreas vitais como a educação, a saúde, a administração pública e em setores-chave como o aeroporto e a TACV.
A Independência também impulsionou uma nova vaga de emigração, os que partiram.
Muitos trabalhadores do aeroporto, da TAP e da meteorologia transferiram-se para Portugal, incluindo os Açores e a Madeira, em busca de melhores oportunidades.
No entanto, para muitos, a independência trouxe o “difícil dilema” de ficar ou partir.
Estes, segundo a mesma fonte, que permaneceram, enfrentaram tempos desafiadores num país com poucos recursos.
“A maior riqueza de Cabo Verde residia na sua gente e na sua localização estratégica na rota de três continentes”, continuou.
Nisto, a importante Região de Informação de Voo Oceânica (FIR), que Portugal abandonou nos anos 50, só foi recuperada por Cabo Verde em 1980, simbolizando o esforço para afirmar a soberania nacional.
Cinco décadas após a Independência, Cabo Verde é hoje, nas palavras do investigador, “um país respeitado internacionalmente, reconhecido pela sua estabilidade política, social e económica”.
Um dos principais objectivos do documentário e das celebrações é prestar homenagem a todos aqueles que, com “sacrifício e dedicação”, contribuíram para o desenvolvimento de Cabo Verde.
“Muitos protagonistas da história ainda estão vivos e o momento é de preservar a memória colectiva da Nação, recordar os seus heróis, muitos deles anónimos, e reconhecer o papel fundamental de pais e avós na construção da identidade cabo-verdiana”, sublinhou Ildo Rocha Fortes.
O programa “Cabo Verde 50 anos: Tempo de Reencontros” abrange uma série de actividades socioculturais, convívios, palestras e visitas.
Um dos momentos mais marcantes será a evocação do dia 04 de Julho de 1975, data do último voo da TAP que ligava Sal a Lisboa, transportando mais de uma centena de trabalhadores transferidos e suas famílias.
Antes disso, esta terça-feira, 01 de Julho, os promotores do projecto serão recebidos pela autarquia salense, às 11 horas, no Salão Nobre da Câmara Municipal do Sal, vai ser palco de uma cerimónia para evocação à ponte aérea Sal/Lisboa que será aberta à sociedade civil.
NA/HF
Inforpress/Fim
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