
Porto Inglês, 21 Set (Inforpress) – O investigador e pesquisador de estudos africanos, Alípio Filho, reconheceu esta sexta-feira, na ilha do Maio, que a figura de Amílcar Cabral tem sido silenciada em Cabo Verde e na Guiné-Bissau devido à partidarização do herói.
O pesquisador fez estas afirmações durante as jornadas de conversas sobre Amílcar Cabral realizadas pelo grupo de costura e reciclagem “Bem di Djarmai”.
Alípio Filho disse que os governos de Cabo Verde e da Guiné-Bissau não reconhecem a figura de Amílcar Cabral e vai mais longe ao dizer que há uma tentativa de “apagar Cabral” nestes países.
“Temos políticos que fazem de tudo para silenciar o passado e o legado de Cabral, que felizmente não conseguem fazer porque o seu legado é enorme e o que Cabo Verde e a Guiné-Bissau conquistaram mostram que a luta armada é e continua a ser necessária para o nosso avanço enquanto africano”, explicou à imprensa.
Para este investigador, um exemplo claro de silenciamento e da falta de reconhecimento de Amílcar Cabral foi o “descaso” nas celebrações do centenário de Cabral que, apesar de ter sido celebrado em mais de 15 países, não teve impacto e nem celebrações oficiais em Cabo Verde e na Guiné-Bissau.
“Os governos não reconhecem essa figura, tanto é que a celebração do centenário não teve impacto porque querem silenciar o legado de Amílcar Cabral. Não teve nada oficial do Governo para celebrar a data, apenas a fundação e outras organizações fizeram alguma coisa”, exemplificou o investigador.
Para a mesma fonte, esta tentativa de silenciamento e de apagar Cabral é uma “falta de respeito” para com a história de Cabo Verde e da Guiné-Bissau porque, como disse, é impossível falar da história de Cabo Verde sem mencionar a luta armada.
Alípio Filho é taxativo ao afirmar que a figura de Cabral ultrapassa os partidos políticos, sendo necessário “continuar a luta” porque, como apontou, há uma série de desafios sociais que Cabo Verde passa neste momento, convidando as pessoas a não cruzarem os braços, a seguirem o legado de Cabral e a eternizarem a figura.
As jornadas de conversas sobre Amílcar Cabral continuam na tarde de hoje, na recém-inaugurada Casa da Juventude, com a roda de conversa “educação e desafios futuros”, dirigida pelo educador Alessandro Robalo, seguida da roda de conversa “Contra colonização em Cabo Verde”, pela antropóloga Eufémia Rocha.
RL/HF
Inforpress/Fim
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